A Petrobras realizou nesta sexta-feira mais um teste industrial do HBio, combustível alternativo desenvolvido pela estatal, e o governo indicou que pretende levar essa e outras tecnologias de produção de biocombustíveis para outros países em desenvolvimento. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, participaram do evento na refinaria Alberto Pasqualini (Refap), na região metropolitana de Porto Alegre, o terceiro teste industrial do HBio.
Lula não discursou, mas a ministra Dilma afirmou que o HBio, juntamente com o biodiesel e o álcool combustível, formam um pilar de energia renovável, que coloca o país em situação de ser protagonista no setor. Ela afirmou que o governo pretende levar as tecnologias, que reduzem a dependência do petróleo, para outros países.
“Não basta só o protagonismo do Brasil. É do nosso maior interesse que os países da América Latina, África e América Central também possam ter protagonismo nessa área”, afirmou em discurso.”Só tendo um conjunto de países produtores de biocombustíveis é que os elevaremos à categoria de commodity”, acrescentou, referindo-se ao potencial de o produto poder ter um mercado global, com vários fornecedores e compradores.
O HBio foi desenvolvido pelo Centro de Pesquisas da Petrobras e já passou por testes industriais nas refinarias Gabriel Passos (MG) e Presidente Getúlio Vargas (PR). O novo processo utiliza óleo vegetal como insumo para a obtenção de óleo diesel, por meio da hidrogenação de uma mistura de óleo vegetal e óleo mineral.
Segundo a Petrobras, os testes já realizados confirmaram a viabilidade técnica e comercial do processo, que tem a vantagem sob o ponto de vista ambiental de reduzir o teor de enxofre no diesel. A Petrobras estima que sua produção vai permitir ao Brasil reduzir as importações de óleo diesel, numa primeira fase, em cerca de 250 milhões de litros por ano.
Dilma salientou o aspecto de participação de pequenos produtores na produção de biocombustíveis, fator, segundo ela, de distribuição de riqueza. A ministra disse que atualmente 205 mil famílias estão na cadeia produtiva do biodiesel no Brasil.
O presidente em exercício da Petrobras, Paulo Roberto Costa, projetou nesta sexta-feira, em evento na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), que o processo produtivo de HBio, desenvolvido pela estatal, irá reduzir a necessidade de importação de óleo diesel em 250 milhões de litros por ano em uma primeira fase, em 2007. Em 2008 e 2009, a previsão da empresa é economizar 425 milhões de litros de diesel importado por ano. A partir de 2010, a expectativa da estatal é de uma redução nas importações de diesel de 1 bilhão de litros por ano, disse Costa.
Investimento em 5 anos será de US$ 700 milhões
O executivo informou que a Petrobras irá investir US$ 700 milhões nos próximos cinco anos em biocombustíveis e energias renováveis. O diretor técnico da Refap, Paulo Ricardo Azevedo, explicou que o HBio é um processo desenvolvido pela Petrobras que transforma o óleo de origem não mineral em óleo diesel. O diretor superintendente da Refap, Hildo Henz, anunciou que a refinaria irá testar, nos próximos dois meses, o uso de sebo bovino na produção do Hbio. “O HBio e o biodiesel são projetos complementares que irão desenvolver o interior desse país continente”, afirmou Costa, em discurso.
Os testes começaram na quinta-feira e devem ser concluídos na próxima semana. Nos testes, a refinaria irá testar vários índices de adição de óleos vegetais ao diesel. Para o procedimento, foi adquirido óleo vegetal de soja, mas a mistura pode usar outras oleaginosas, como mamona e dendê. A obrigatoriedade de adição de biodiesel ao diesel de petróleo, na proporção de 2%, está prevista para vigorar em 2008. Além da Refap, o HBio já passou por testes na Refinaria Gabriel Passos (MG) e na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (PR).
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu a veiculação de uma propaganda institucional da Petrobras sobre o biodiesel. A pedido da coligação Por um Brasil Decente, que tem como candidato a presidente Geraldo Alckmin, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Cesar Rocha, concedeu liminar determinando a suspensão da publicidade. Ele concluiu que a propaganda promove um indevido reforço à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição.
No pedido analisado por Rocha, a coligação Por Um Brasil Decente observou que nos dias 29 e 30 de agosto e 5 de setembro Lula destacou na propaganda eleitoral um dos feitos de sua administração, que seria o biodiesel. A coligação acrescentou que a partir do dia 2 começou a ser transmitida publicidade institucional da Petrobras sobre o combustível.
Na representação protocolada no TSE, a coligação Por Um Brasil Decente pedia a concessão de uma liminar para suspender a publicidade institucional e a abertura de uma investigação judicial para apurar suposto abuso de poder político em favor de Lula. O corregedor determinou a notificação de Lula para que ele apresente defesa sobre o pedido de abertura de investigação.