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Haiti e etanol na pauta de Lula e Bush

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende propor ao colega norte-americano, George W. Bush, investimentos dos Estados Unidos para fortalecer a economia do Haiti, o país mais pobre das Américas, além de parcerias na área de biocombustíveis e a retomada das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). No próximo sábado, Lula desembarca nos Estados Unidos para reunir-se com Bush na residência oficial de Camp David, perto da capital, Washington, três semanas depois do encontro que tiveram em São Paulo.

“O Haiti já conquistou a democracia, já elegeu um presidente da República. Mas o importante é que a gente ajude a desenvolver o Haiti”, salientou Lula em seu programa de rádio, Café com o presidente. “Nós queremos que haja investimento em dinheiro para que a gente trabalhe projetos de fortalecimento da economia no Haiti.” A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), liderada pelo Brasil, está no país desde 2004, quando caiu o presidente Jean-Bertrand Aristide. O Conselho de Segurança da ONU decidiu ampliar até 15 de outubro próximo o mandato da Minustah, formada atualmente por 7,5 mil soldados e 2 mil policiais.

De acordo com o presidente, a visita a Camp David marcará o aperfeiçoamento das relações entre Brasil e EUA. A reunião dará continuidade às discussões sobre a parceria para a produção e comercialização de biocombustíveis — principalmente o etanol, mas também o biodiesel —, firmada em São Paulo. Bush, que vem dando destaque ao tema desde o início do ano, recebeu ontem na Casa Branca representantes da indústria automobilística que foram mostrar modelos movidos a combustível alternativo. Além de investimento substancial em pesquisas na área, Lula pretende discutir parcerias para auxiliar o desenvolvimento do setor nos países africanos.

Comércio mundial

O presidente brasileiro também pretende pedir a Bush que considere a oferta de concessões para ajudar a destravar as negociações da Rodada de Doha, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Vou discutir a questão da OMC porque o sucesso (da rodada de negociações) depende muito dos Estados Unidos”, declarou. No ano passado, o processo chegou a um impasse depois que os países em desenvolvimento, liderados por Brasil e Índia, insistiram que os EUA e outros países desenvolvidos diminuíssem seus subsídios a produtos agrícolas.

Para Lula, o Brasil tem mostrado ao mundo sua visão favorável a um “comércio justo”. “O Brasil vai fazendo a sua tese prevalecer, no sentido de criar um comércio mais justo, no sentido de procurar parcerias mais fortes”, afirmou. “Digo sempre que um acordo vai ser bom quando os dois disserem que vão sair ganhando.” Lula acrescentou que o Brasil está “no ponto” para fortalecer as relações com a União Européia, inclusive no âmbito do Mercosul, e para consolidar definitivamente a “relação estratégica” com os EUA.

Editor:João Cláudio Garcia // [email protected]

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