O mercado atual mostra que sim
Assim que a certeza sobre este estreito equilíbrio entre oferta e demanda para a safra atual encontrou eco junto aos produtores de açúcar e álcool, as cotações no mercado interno “bateram no chão” e estão retornando a níveis coerentes de remuneração, devendo apresentar um preço médio superior, em termos nominais, ao da safra anterior.
As projeções confirmam que sim
Projeções apresentadas por especialistas, apesar de apresentarem pequenas divergências nos números, dão conta que o Brasil deverá
duplicar sua produção sucroalcooleira até 2013/2014 para atender as necessidades do mercado.
Estes números, apresentados na conferência “O Futuro do Setor Sucroalcooleiro Goiano”, promovida pelo Sifaeg no dia 17/6 último,
deixam claro que o potencial de demanda ainda é significativamente superior à capacidade total dos projetos de aumento de produção já anunciados, os quais, segundo Nastari, totalizariam 510 milhões de tc, através das 41 novas unidades produtoras ou expansão das
existentes.
Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica, confirma que os atuais projetos de expansão são insuficientes para atender a demanda interna projetada e as exportações que deverão dobrar até 2010. “Com os investimentos em curso, estaremos moendo 80 milhões de toneladas de cana a mais. Seria necessário produzirmos o dobro”, diz.
Flex Fuel puxa o crescimento
A expectativa do governo brasileiro é de que até 2013 o Brasil tenha uma frota de 7,87 milhões de carros flex fuel, o que deverá incrementar a demanda por álcool combustível em 10,8 bilhões de litros. Segundo Ângelo Bressan Filho, diretor do Departamento de Açúcar, Álcool e Agroenergia do Ministério da Agricultura, será necessária a produção de mais 127.158.100 toneladas de cana (tc) apenas para atender o crescimento interno do álcool combustível, e 88.895.037 tc para suprir 50% do crescimento vegetativo do mercado livre mundial de açúcar, percentual atualmente atendido pelo Brasil.
Para atender estas novas demandas, os produtores brasileiros precisam acrescentar 3,05 milhões de hectares cultivados com cana-de-açúcar.
Mercado Externo: Sim
O Brasil, segundo estudos de várias consultorias internacionais, é e continuará sendo o líder mundial na produção e exportação de açúcar.
Neste estudo elaborado por Jonathan Drake e apresentado por Bressan na Conferência do Sifaeg, a demanda mundial do alimento alcançará 180
milhões de toneladas até 2015, sendo que o Brasil exportaria 37,1 milhões de toneladas/ano, detendo 58,6% do mercado livre.
Bolsas refletem preponderância brasileira
De acordo com Marcos Molinaro, diretor da Czarnikow Biofuels, hoje 40% do ATR produzido no Brasil são exportados. Isto requer atenção dos produtores. Como exemplo, Molinaro coloca em discussão a estreita relação entre o piso das cotações da Nybot com o custo da produção brasileira:
2003: 5,8 Cents US$/pound /FOB BR
Set 2004: 6,7 Cents US$/pound /FOB BR
Atualmente: 7,4 Cents US$/pound /FOB BR (com dólar a R$ 2,55)
8,0 Cents US$/pound /FOB BR (com dólar a R$ 2,40).
Preponderância pode ser prejudicial
Também na conferência promovida pelo Sifaeg, o presidente da Sucden do Brasil, Jeremy Austin, chamou a atenção dos produtores para o
fato de que preços acima de 10 Cents US$/pound podem incentivar investimentos em outros países produtores de açúcar, como a Tailândia, cujo produto possui um prêmio de 100 a 150 pontos na
Nybot. Isto poderia reduzir a participação brasileira na Nybot, hoje em cerca de 40%, e “de 80 para 70% do mercado livre em 2013/14, como
prevista” .
Em relação à Bolsa de Londres, Jeremy diz que, com o aumento nas cotações do açúcar branco, muitos produtores podem sentir-se atraídos para a produção deste tipo de açúcar no curto-prazo, sem levar em conta todos os fatores envolvidos, como maiores custos de embalagem e logística. Hoje, a diferença de custo entre os dois
tipos de açúcar é de US$ 35/mt. “É de se esperar que os países com maior potencial de importação de açúcar adotem, a médio e longo prazos, medidas no sentido de protegerem seus mercados e assegurar maior estabilidade no fornecimento. Características estas
que convergem com os atributos do VHP”, informa Jeremy.