Thomas Friedman, a mais nova referência mundial da globalização, quer virar guru do etanol. Ele esteve em São Paulo na última semana e sua visita teve dois motivos: a divulgação do seu último livro, “O mundo é plano”, e uma curiosidade incontrolável de conhecer um dos principais projetos de exportação do Brasil, o etanol. O colunista do jornal The New York Times, um dos mais lidos do planeta, escreve sobre a política externa americana e é especialista em Oriente Médio. Mas recentemente tem se dedicado a analisar a crise do petróleo e o seu impacto sobre a economia e a política mundial. “Esse sistema e essa nossa dependência cria monstros. Hugo Chávez, por exemplo, era um doce quando o petróleo estava a US$ 25. Com a cotação a US$ 70 ele não hesita em mandar o mundo para o inferno”. No frigir dos ovos, o que isso tudo tem a ver com o Brasil? A pergunta e a resposta saíram da boca do próprio Friedman: “Porque o mundo é plano e o Brasil está desenvolvendo uma tecnologia formidável, que é o etanol, fiz questão de conhecer de perto.” E foi isso que ele fez. Na terça-feira 12, Friedman fez uma romaria pelo interior de São Paulo. Visitou plantações e usinas de álcool em Piracicaba e chegou a uma conclusão. O Brasil está sendo muito perspicaz ao conseguir desenvolver um combustível mais barato e menos poluente no momento em que o mundo caminha para uma nova crise do petróleo. Ele lembrou que os americanos gastam todos os anos US$ 25 bilhões para subsidiar a sua indústria do petróleo. “Isso é insustentável”, afirmou. Curioso por natureza, Friedman transcorre muito bem sobre os problemas e as guerras que atingem o Oriente Médio, sobre as novidades da tecnologia e, agora, sobre petróleo e meio ambiente, suas novas preocupações. “O preço do petróleo está inteiramente ligado ao preço da nossa liberdade”, afirma. Tom, como gosta de ser chamado, acaba de concluir um documentário para o Discovery Channel que chamou de “Viciados em petróleo”, onde comenta sobre a dependência americana e sua resistência em substituir o petróleo por outras fontes de energia, mais baratas e ecologicamente corretas.

US$ 25 bilhões é o valor do subsídio norte-americano ao petróleo