A Guarani, braço sucroalcooleiro da Tereos Internacional, iniciou um projeto para reduzir o consumo de eletricidade pelas usinas do grupo. Conforme o presidente da Divisão Brasil da Tereos, Jacyr Costa, a meta é, em dois anos, reduzir em torno de 10% a demanda energética das unidades. “Isso significará 10% mais de bagaço para produção e exportação de eletricidade”, explica o executivo.
Na França, compara, a energia representa 30% do custo de produção de açúcar. Com a valorização dos ativos de energia no Brasil, a empresa deu largada na iniciativa com a transferência de tecnologia de suas usinas francesas para conseguir cumprir a meta de redução de uso. “A princípio, o foco é 10%. Mas, no Brasil, gasta-se 50% mais energia para fabricar uma tonelada de açúcar do que na França”.
De acordo com Costa, alguns investimentos em maquinários estão em curso, mas o diferencial do projeto está no intercâmbio com técnicos das unidades francesas do grupo. “Vamos colher resultados desse projeto já na próxima safra, a 2015/16”. A Guarani tem sete unidades industriais, localizadas na região noroeste do Estado de São Paulo.
Nesta temporada, a empresa deve produzir 1 milhão de megawatts-hora (MWh), ante 700 mil em 2013/14. “Nossa previsão inicial é vender de 5% a 10% do volume produzido no mercado spot”, diz Costa. No próximo ciclo, o grupo pretende cogerar 1,2 milhão de MWh, 20% de aumento – sem considerar economias com o aumento da eficiência.
A empresa começou testes com objetivo de aproveitar a palha – que normalmente fica no campo após a colheita da cana – como matéria-prima na cogeração. “Neste ciclo, a palha ainda vai representar de 2% a 3% do volume total de matéria-prima. Mas a tendência é que esse insumo ganhe mais importância”.
Com o início das atividades de cogeração de energia da usina Tanabi e o avanço na produção das unidades Mandu e São José, todas em São Paulo, a produção de eletricidade da companhia cresceu 35% no segundo trimestre da atual safra (2014/15). No total, excluindo as receitas de trading no trimestre, as vendas de energia somaram R$ 64 milhões no período, um aumento de 32% em relação aos R$ 49 milhões registrados em igual trimestre de 2013/14.
No total, a receita líquida da Guarani no trimestre foi 3% menor, a R$ 574 milhões. O principal impacto veio dos preços médios mais baixos de açúcar (7% para R$ 817 por tonelada). Com isso, o Ebitda ajustado da Guarani foi a R$ 112 milhões, 4,8% abaixo do obtido no segundo trimestre de 2013/14.
Conforme Costa, as usinas do grupo devem encerrar a safra 2014/15 na primeira quinzena de dezembro, com uma moagem entre 20 milhões e 20,5 milhões de toneladas. O volume, que é praticamente o mesmo estimado no início da safra pela empresa, só não foi menor porque a companhia tinha uma oferta adicional de 1,3 milhão de toneladas da matéria-prima que havia sobrado do ciclo anterior.
“Nossa perda agrícola ficou em 5%. Conseguimos conter a queda de produtividade porque havíamos investido em tecnologia e uso de novas variedades de cana”, diz.
A estimativa do executivo é que a produtividade dos canaviais vai atingir mais de 80 toneladas de cana por hectare, abaixo das 93 toneladas registradas em 2013/14, mas acima do obtido em 2011, quando teve o baixo desempenho de 70 toneladas.
Para a temporada 2015/16, Costa antevê para a Guarani uma safra muito parecida com a atual, em termos de oferta de cana.
(Fonte: Valor Econômico)