A perspectiva de oferta apertada e aumento de preços nos próximos anos tornaram a geração de energia um negócio bem atrativo. Cada vez mais há investidores, financeiros e do setor, dispostos a aportar dinheiro em novos empreendimentos.
Os projetos mais cobiçados envolvem fontes de energias renováveis e alternativas, como pequenas centrais hidrelétricas – as PCH -, biomassa da cana e madeira e eólica.
Aliadas ao fundo Tarpon Investment Group, as empresas mineiras Winbros e Poente Energia acabam de formatar a Omega Energia Renovável S.A., que planeja gerar pelo menos 240 MW até 2012.
A Winbros atua na área de participações e a Poente é especializada em consultoria energética e de meio ambiente. A Omega nasce com participações em 59 projetos de PCH espalhados pelo Paraná, Minas Gerais e pelas regiões Centro-Oeste e Norte.
Essas concessões, atualmente em diversos estágios de licenças e de estudos de engenharia, depois de prontas, contam com potencial hidrelétrico de 1,1 mil MW. Considerando o custo de instalação de R$ 4,5 milhões por MW, o investimento total somaria R$ 5 bilhões.
Wilson Brumer, sócio e presidente da Winbros, explica que à Omega caberia, na atual configuração, desembolso de US$ 620 milhões. Um terço em recursos próprios e de investidores, como a Tarpon e seus parceiros no fundo, e 65% de financiamentos junto a bancos de fomento nacionais e estrangeiros e a outras instituições.
A criação da Omega demandou R$ 30,5 milhões por parte de Tarpon e Winbros. As duas empresas adquiriam 80% da Poente Energia (renomeada como Omega), detentora de participações nas 59 concessões elétricas. Pertencia a três empresários mineiros, donos da Poente Engenharia e Consultoria, que se tornaram acionistas da Omega, com 20% do capital. A Tarpon ficou com 60% e Winbros, 20%.
“Nosso objetivo é atingir um portfólio de geração de 1 mil MW até 2015”, afirmou Brumer, ex-presidente da Vale do Rio Doce, da Acesita e da BHP Billiton Brasil e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais.
Para isso, afirma, foi traçada uma estratégia de busca de novos ativos, seja na forma de concessões e PCH já em operação, seja via compra de participações nos atuais projetos caso alguns dos parceiros tome a decisão de sair. “Há no país, em poder de diversos detentores, muitos ativos desse tipo, prontos para receber investidores”, diz.
A previsão da Omega é pôr a primeira PCH em operação dentro de dois anos e todo o pacote de usinas deverá estar concluído até o fim de 2012. Desde já, para crescer, e alavancar os atuais e novos projetos, a empresa vai buscar investidores no Brasil e exterior.
A Tarpon será um dos canais para os investidores. Nessa linha atuaram outros grupos, como Pactual e Pátria, que entraram na geração de energia.
Com a expansão da fronteira da cana, gerando dezenas de projetos de etanol e de produção de açúcar, diz Brumer, a geração de energia a partir do bagaço ganha cada vez mais destaque. “Estaremos atentos a todas as fontes alternativas de energia”.
Sua avaliação é que o país, com a economia crescendo entre 4% e 5% ao ano, não poderá abrir mão de várias fontes de energia na sua matriz energética. “Pouco se falava de PCH até alguns anos atrás; hoje é uma vedete. A biomassa ganhou importância com o etanol”.
A gestão da Omega, que nasce com capital de R$ 20 milhões para acelerar os atuais projetos, ficará a cargo da Winbros. Brumer e seu sócio na empresa, Romeu Scarioli (empresário, vice-presidente da Fiemg e ex-presidente do banco BDMG) serão responsáveis por conduzir o negócio.
Em breve, será contratado um executivo com expertise no setor para presidir a empresa. “Juntamos três elos importantes para montar o negócio: a vasta experiência dos sócios da Poente na área de energia, a força do sócio financeiro Tarpon e a experiência executiva da Winbros”.
Dono de um carteira de gestão de recursos de US$ 1,7 bilhão, por meio de seu fundo Tarpon All Equities a Tarpon já é acionista de BrasilAgro (propriedades rurais) Arezzo (moda), Brenco (etanol) e Direcional (setor imobiliário residencial).
Segundo Brumer, que deixou o governo de Minas há um ano e recentemente o cargo de conselheiro na estatal Cemig, a Omega terá outro ponto forte. Desde já será dotada de elevado nível de governança corporativa. Todos os sócios, no curto prazo, deverão ficar apenas no conselho administrativo.