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Grupo São Martinho estima moer 14 milhões de ton em 2010/11

As três unidades do Grupo São Martinho (São Martinho e Iracema, em São Paulo, e Boa Vista, em Goiás) devem moer aproximadamente 14 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2010/11, atingindo assim a capacidade total das usinas.

No ciclo 2009/10, o grupo processou 12,9 milhões de toneladas de cana. Só a unidade de Pradópolis, SP, (São Martinho), considerada a maior do mundo, esmagou 8,1 milhões de toneladas batendo o recorde brasileiro de moagem.

No último ciclo, o Grupo produziu 702 mil toneladas de açúcar, 594 milhões de litros de etanol e 158 mil MWh de energia elétrica a partir da biomassa da cana. Ganhos de eficiência devem fazer as usinas alcançarem capacidade total nesta safra.

Investimento

Este mês, o Grupo São Martinho assinou um acordo definitivo com a empresa norte americana Amyris Biotechnologies e sua subsidiária brasileira Amyris Brasil, para produção de especialidades químicas a partir do caldo da cana-de-açúcar.

A joint venture, que cria a SMA Indústria Química S.A., vai investir na construção de uma planta química junto à Usina São Martinho. A usina Boa Vista está fora da negociação. A nova planta utilizará a tecnologia baseada na modificação de leveduras, capazes de converter a sacarose para produzir farneseno a partir do xarope da cana.

Em relação ao acordo preliminar, anunciado em dezembro de 2009, a principal modificação é que a São Martinho permanecerá como controladora integral da Usina Boa Vista – antes, havia a intenção de vender 40% da unidade à Amyris.

A unidade goiana recebeu, recentemente, investimentos de R$ 145 milhões. A Boa Vista irá processar 2,5 milhões de toneladas de cana na safra atual, elevando esse volume para 4 milhões de toneladas a partir do próximo ano.

Marco histórico

Com investimentos de US$ 35 milhões, a nova unidade de Pradópolis vai contar com 1 milhão de toneladas de cana fornecidas pela São Martinho. O início da construção da planta está previsto para o 2º semestre deste ano, após a aprovação do projeto de engenharia e a obtenção de licenças ambientais. A usina deve entrar em operação na safra 2012/13.

Para a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), a confirmação da parceria deve ser vista como um marco histórico para o setor sucroenergético. “O acordo possibilita ampliar o portfólio de derivados da cana-de-açúcar e trabalhar com maior valor agregado para diversos produtos premium”, disse o consultor de emissões e tecnologia da entidade, Alfred Szwarc.

Entre os produtos que poderão ser gerados com a parceria estão químicos renováveis para uma variedade de bens de consumo e aplicações industriais que hoje dependem de componentes petroquímicos, entre eles lubrificantes, polímeros, sulfactantes, preservantes e cosméticos.

Também será possível a produção de diesel renovável e combustível para aviação, cuja performance é igual ou superior a de biocombustíveis existentes e dos combustíveis à base de petróleo.

“Trata-se de um fabuloso avanço tecnológico, pois o setor aeronáutico vem há anos tentando encontrar um combustível renovável que seja compatível com turbinas de aviação, seja comercialmente custo-efetivo e possibilite a mitigação de gases de efeito estufa, e isso deve ser possível em futuro próximo”, conclui Szwarc.