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Grupo protesta contra instalação de usinas de álcool no Pantanal

Cerca de 500 pessoas entre estudantes e ambientalistas protestaram em frente à Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, contra a instalação de usinas de álcool no Pantanal, na manhã de quarta-feira (21).

Empunhando uma bandeira com 500 metros, os manifestantes tomaram o plenário da Casa e conseguiram suspender a sessão.

Em 22 de agosto deste ano, a Folha publicou reportagem em que mostra a disposição do governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, em alterar a lei estadual 328, de 1982, que proíbe a instalação de destilaria de álcool ou de usina de açúcar e similares no entorno do Pantanal.

Para defender o projeto, o governo aponta vantagens socioeconômicas para o Estado como geração de 15 mil empregos e descarta impacto ambiental negativo no Pantanal.

O diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, discorda do positivismo do governo. “Qualquer disfunção que agrida as margens do Pantanal será refletida na bacia do mais completo ecossistema do mundo. Justificar essa agressão com promessa de emprego é enganação. O turismo é a maior indústria de trabalho da atualidade.”

Ao ocupar a tribuna para defender o Pantanal, o ambientalista enfatizou que “não há uma campanha contra a instalação das usinas no Estado, mas uma exigência de que elas ocupem lugares propícios, como as vertentes do rio Paraná, da mesma forma que vem sendo feito no Estado de São Paulo.”

Antes de deixar o plenário, Mário Mantovani entregou ao presidente da Assembléia, deputado Londres Macha (PL), um abaixo-assinado com 10 mil assinaturas reprovando a possível alteração na lei.

Em seguida, o deputado Loester Nunes (PDT) pediu espaço e argumentou a favor do projeto. “Não é possível parar no tempo. O avanço da tecnologia permite o desenvolvimento sustentável.” Ao reafirmar o voto favorável à proposta do governador, foi vaiado pelo público.

A discussão em torno das usinas sucroalcooleiras foi pauta de audiência pública à tarde, mas não houve avanço nas negociações. O prazo para discussão do projeto venceu na quarta-feira.

Um acordo firmado entre as lideranças da Assembléia Legislativa definiu que o assunto volta à pauta da Casa apenas em 17 de outubro, quando será analisado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Posteriormente, caso seja considerada constitucional, a proposta será encaminhada à Comissão de Meio Ambiente, que terá dez dias para apreciação.

Em seguida, outra audiência pública reunirá parlamentares, ambientalistas e a comunidade sul-mato-grossense. Finalmente, o projeto deve entrar em votação.

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