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Grupo francês quer produzir biodiesel a partir do algodão

Projeto da Dagris estimula agricultura familiar; investimento pode chegar a R$ 3,5 milhões, fora a unidade industrial. A empresa francesa Dagris, uma das maiores produtoras mundiais de algodão, está interessada em instalar uma indústria de biodiesel, a partir da amêndoa, no Maranhão. A Dagris quer desenvolver o trabalho em parceria com famílias de pequenos agricultores que fornecem a matéria-prima para a produção do biodiesel. A idéia é fomentar a agricultura familiar e o sistema de cooperativismo que garante o fornecimento de algodão para o empreendimento.

Os representantes da empresa se reuniram na semana passada em São Luís, pela segunda vez, para discutir com o governo do estado as formas de parcerias. O grupo francês pretende iniciar os estudos para a escolha do local de instalação da empresa. Hoje, técnicos das Secretarias de Indústria, Comércio e Turismo e da Agricultura vão formar um grupo de trabalho, visando dar atenção ao projeto.

Presente em 25 países, a Dagris estuda instalar-se no Brasil e sonda dois estados: Maranhão e Bahia. A logística e a infra-estrutura estão entre os fatores que atraem o grupo francês para o Maranhão. O governo defende que o estado reúne todas as condições para receber o empreendimento e que o governo estadual está trabalhando para concretizar o projeto. “Os representantes da Dagris saíram do Maranhão convictos de que o estado reúne condições ideais para a instalação da indústria. O diálogo foi bastante favorável, e para nós, é importante porque vamos recuperar uma cultura antiga que é a do algodão”, observa o secretário de estado da Indústria, Comércio e Turismo, Danilo Furtado, destacando ainda que o projeto é focado na ocupação do homem no campo e a agregação de valor.

O empreendimento contempla dois aspectos: o industrial e o social. O segundo estimulará a produção de algodão por famílias de trabalhadores rurais, que servirá de matéria-prima para a produção do biodiesel. Os investidores, segundo Furtado, visitaram plantações em Balsas, no Sul do estado, constatando as condições favoráveis para o plantio do algodão. A Dagris trabalha com a produção e debulha de algodão em grão, trituração e refinação de oleaginosos. a empresa produz cerca de 950 mil toneladas de fibra de algodão por ano. O grupo está presente em regiões da África Central e Austral, Sul da Ásia e América Latina.

Se o projeto vier a ser concretizado no Maranhão, vai associar-se a outro projeto de produção de biodiesel já amadurecido. Um trabalho semelhante está sendo iniciado pela Brasil Ecodiesel no estado para a produção do combustível a partir da mamona, cujo plantio vai ser estimulado em áreas de assentamento.

De acordo com o projeto da Brasil Ecodiesel, o plantio de mamona no Maranhão deve alcançar uma área de 3 mil hectares em 2005, incluindo áreas de assentamentos existentes no estado, com investimentos de R$ 3,5 milhões só neste ano. Para 2006, estão previstos mais 12 mil hectares. “Dependerá muito da demanda do biodiesel. O investimento pode ser maior”, afirma André Girdwood, diretor financeiro da empresa.

Além do plantio da mamona, o projeto prevê a implantação de uma esmagadora de mamona e uma unidade industrial para a produção do biodiesel. A parte industrial está estimada em R$ 15 milhões. A unidade para fabricação do biodiesel está prevista para 2006. A localização da fábrica de biodiesel está em definição, sendo São Luís forte candidata, com o objetivo de atender à indústria ao Norte do Estado. O plantio de mamona deve ficar concentrado no Sul do Maranhão, em regiões de clima semi-árido, mas que não possuem atividade com grãos.

Remabio

Para estimular a produção do biodiesel, no estado foi criada a Rede Maranhense de Biodiesel (Remabio), órgão ligado à Universidade Estadual do Maranhão (Uema), que promove desde ontem e encerra hoje o workshop “O Biodiesel e a Inclusão Social no Maranhão”. O evento visa um Programa Estadual de Biodiesel a partir de discussões com professores, pesquisadores, técnicos, empresários, estudantes e produtores.

O Banco do Nordeste (BNB) mostra como podem ter acesso ao crédito do FNE, os produtores interessados em investir em negócios na área. De acordo com a Remabio, o Maranhão tem potencial para produzir biodiesel e tornar-se referência na produção e exportação de energia de biomassa