Atender a consumidores de localidades tão distantes quanto Açailândia (MA) ou Marabá (PA) foi a estratégia adotada pelo usineiro pernambucano Eduardo de Queiroz Monteiro, que dará amanhã partida na Destilaria Araguaia, para moer inicialmente 320 mil toneladas de cana e produzir 34 milhões de litros de álcool, na safra 2006/07. A destilaria, instalada no município de Confreza, no noroeste do Mato Grosso, próximo à divisa do Pará, foi adquirida há dois anos, depois de intensa pesquisa sobre as possibilidades de expansão do hoje denominado Grupo EQM, para outras regiões que não o Nordeste, onde se originou.
O Centro-Sul era o alvo de interesse, mas os elevados preços das usinas à venda e a concorrência acirrada na região levaram o empresário a alterar radicalmente seu foco, voltando-se para os mercados do Norte do País. A Destilaria Araguaia recebeu R$ 4 milhões em investimentos para a completa troca do sistema de extração do caldo da cana e para o desenvolvimento de lavouras irrigadas por meio de 130 quilômetros de canais, que além de levar a água do rio Araguaia misturada a nutrientes, devolve ao solo a vinhaça, um subproduto da cana que se tivesse outros destinos seria agressivo ao meio-ambiente.
Em vez das tradicionais moendas, o grupo pernambucano optou pelo sistema Low Pressure Extraction (extração por baixa pressão). A diretora administrativa do grupo, Flávia Coelho, explica que esse sistema ainda pouco usado no País é mais econômico e higiênico e ainda poupa energia, com a mesma produtividade.
Relações de trabalho
A expansão e a modernização da Destilaria Araguaia inclui o avanço nas relações trabalhistas. Os 750 trabalhadores temporários contratados para a safra atual terão o conforto de uma alimentação adequada, boas condições de alojamento e o atendimento dos demais requisitos previstos na norma 31 do Ministério do Trabalho, que incluem refeitórios itinerantes e tendas para descanso. Como os demais 990 funcionários permanentes, contarão ainda com refeições especialmente preparadas pela empresa de alimentação Gran Sapore, informa Flávia.
Por estar em uma área da Amazônia Legal de 34 mil hectares inteiramente plana, 50% da lavoura de 6 mil hectares estão mecanizados. Essa é uma das vantagens comparativas oferecidas pela Destilaria Araguaia, que permite alcançar elevada produtividade e custos reduzidos. Segundo Flávia, apesar de estar mais próxima dos consumidores do Norte, o preço pago pelo litro de álcool na região não é muito mais elevado do que o cobrado no Centro-Sul. Durante a safra, oscilam entre R$ 0,95 a R$ 1,05. A baixa oferta, as longas distâncias e as dificuldades de transporte fazem com que o combustível chegue ao consumidor por até R$ 2,45 o litro.
O grupo EQM mantém usinas e destilarias em Tocantins e Maranhão, além de Pernambuco.