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Grupo BG investe em cogeração

Em dois anos a subsidiária Iqara Energy aplicou US$ 3,5 milhões em seis projetos de São Paulo. O incentivo ao crescimento do consumo de gás natural, em especial para geração de energia elétrica, fez o grupo britânico BG, que possui 60% de participação na distribuidora paulista Comgás, criar a Iqara Energy Services, empresa que planeja e concretiza projetos para a utilização do gás natural como fonte energética para climatização, além de empreendimentos de geração distribuída e cogeração (em que além de produzir energia, o gerador ou turbina também fornece água quente e fria).

Menos de dois anos depois, a empresa já realizou 130 propostas de projetos no estado e concretizou investimentos em outros seis, que consumiram cerca de US$ 3,5 milhões. De acordo com o diretor geral da Iqara Energy, Nelson Cardoso de Oliveira, a expectativa da empresa é fechar outros US$ 8 milhões em contratos até o final do ano. “Já temos 17 cartas de intenção e dois contratos prestes a serem assinados”, afirmou.

Para 2005, a estimativa da empresa é aplicar mais US$ 15 milhões em projetos. No plano de negócios, a previsão da Iqara é chegar em 2010 com 600 projetos, em investimentos que devem totalizar US$ 300 milhões. Com isso, o fornecimento diário de gás natural da Comgás deve aumentar em 1 milhão de metros cúbicos (m³). Hoje a concessionária paulista distribui diariamente cerca de 11 milhões de m³.

A avaliação dos negócios é tão positiva que a empresa resolveu ampliar sua atuação para além da área de concessão da Comgás e apenas espera pela assinatura do primeiro contrato no Rio de Janeiro. “Vamos contratar um gerente comercial no Rio e estamos avaliando a possibilidade de entrar em outros mercados”, disse. A atuação da Iqara Energy também chamou atenção da BG, que decidiu exportar o modelo de negócio para a Itália e Índia, países em que o grupo também atua na distribuição de gás natural.

A Iqara oferece às empresas a construção, manutenção e operação de uma planta de cogeração a custo zero e com economia de entre 3% e 10% em relação ao custo total da unidade com energia elétrica, água quente e água fria. Em troca, deve ser dada exclusividade da venda de energia à Iqara por até 15 anos. Ao final do período, a unidade de geração fica com a empresa. “Tiramos nossa rentabilidade desse valor “, disse Oliveira. Ainda assim, segundo ele, o investimento é pago em até sete anos.

Por hora, os projetos são de pequeno e médio porte, para produção de até 7 MW, mas a Iqara já começa a pesquisar a possibilidade de investir em grandes projetos, para indústrias com consumo de entre 10 MW e 20 MW.

O primeiro projeto em funcionamento foi realizado no hotel Sofitel São Paulo, do grupo Accor. Grupos geradores produzem 300 KW por 14 horas diariamente, além de água quente e água fria, utilizada nos sistemas de ar-condicionado. No edifício, o custo mensal com energia era de R$ 85 mil. Hoje são pagos à Iqara R$ 25 mil, além do pagamento à Comgás referente ao gás natural utilizado nos geradores e mais a fatura da Eletropaulo pelo fornecimento nas 10 horas restantes e pela reserva emergencial, num total inferior aos R$ 85 mil mensais

Projetos de cogeração semelhantes a este devem ser entregues até o final de novembro no hotel Ceasar Park Guarulhos, do grupo Posadas, e em três unidades do supermercado Sonda, na grande São Paulo.