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Grubisich sai da ETH e assume a Eldorado

José Carlos Grubisich está deixando o comando da ETH Bionergia, braço de açúcar e etanol do grupo Odebrecht, para assumir a presidência da Eldorado, negócio de papel e celulose da JBS-Friboi.

O executivo ingressou no conglomerado Odebrecht em 2002 para comandar a petroquímica Braskem, que tinha sido recém-criada. Em 2008, deixou a Braskem, uma das maiores empresas do setor do país, para coordenar o novo negócio do grupo, a ETH. Antes do grupo baiano, Grubisich foi alto executivo da Rhodia.

Nos quase dez anos que esteve no grupo Odebrecht, o executivo foi responsável pela expansão de dois novos negócios recém-criados pelo conglomerado. Na Braskem, assumiu o comando após a integração das empresas do polo baiano Copene, OPP Petroquímica, Trikem, Poliadem e Nitrocarbono. O executivo ingressou na ETH um ano após a criação da companhia, em julho de 2008, e comandou o processo de expansão da nova empresa, um projeto que nasceu com um orçamento de R$ 5 bilhões, e que em 2009 incorporou os ativos da Brenco, com o objetivo de se tornar uma das maiores do setor no Brasil. “Completei um ciclo importante na ETH, colocando a empresa como a segunda maior produtora de etanol”, disse.

O novo comando da ETH já foi definido e será ocupado por um executivo da Odebrecht, que será anunciado nos próximos dias. Grubisich deverá deixar a companhia até amanhã, segundo informou a Odebrecht. Em 2010, Grubisich, que era um dos acionistas minoritários do grupo, concordou em vender suas ações como parte da nova reestruturação do acordo de acionistas do conglomerado.

Segundo Grubisich, a ida para a Eldorado será um grande desafio, uma vez que o projeto é de “dimensão internacional” O executivo teve as primeiras conversas para fazer parte da Eldorado no fim do ano passado. A empresa resultou da fusão dos negócios da Eldorado Brasil, empresa que está construindo uma fábrica de celulose em Três Lagoas (MS) e tinha como acionistas a J&F, holding do grupo JBS Friboi, e o empresário andradinense Mário Celso Lopes, e a Florestal, de investimentos florestais, cujos acionistas eram a J&F, Lopes e os fundos de pensão Funcef (funcionários da Caixa Econômica Federal) e Petros (Petrobras). A operação foi fechada no fim de 2011.

Com a incorporação da Florestal pela Eldorado, o controle da “nova” Eldorado Celulose e Papel permaneceu com a J&F (58,6% de participação). Lopes ficou com os mesmos 25%, por meio da holding MJ, controlada pela MCL Empreendimentos. Os fundos de pensão levaram fatia de 8,2% cada um. Há a intenção de abrir o capital.

A fábrica sul-mato-grossense, que está sendo erguida no mesmo município onde a Fibria já opera uma unidade de produção de celulose branqueada de eucalipto, terá capacidade produtiva de 1,5 milhão de toneladas por ano, correspondendo à maior linha única de produção da fibra do mundo neste momento. Os acionistas não descartam a possibilidade de a Eldorado vir a ter operações no segmento de papel mais à frente.

A unidade fabril, especializada em fibra curta, deve ser a única a entrar em operação neste ano no Hemisfério Sul, o que confere à Eldorado vantagem sobre projetos concorrentes, que começam a sair do papel a partir de 2013. Embora o cenário de preços seja incerto – a economia da Europa, maior cliente da celulose brasileira, dá sinais de recessão -, a inexistência de oferta adicional de fibra até meados do ano que vem pode facilitar as exportações da Eldorado. Ao todo, serão investidos R$ 5,1 bilhões no projeto, que entra em operação em novembro.