Mercado

Grandes empresas investem mais

Os investimentos da indústria, impulsionados especialmente pelas exportações, se concentraram ainda mais em grandes empresas nos últimos anos no país. É o que revela a Pesquisa Industrial Anual do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em 2002, a participação das 20 maiores companhias no total dos investimentos da indústria ficou em 40% -esse percentual era de 37% em 1996. Dessas 20 companhias, 19 eram exportadoras. O peso delas nas vendas ao exterior, porém, cresceu de 15% para 18% de um período para o outro.

Por outro lado, a participação das pequenas empresas (até cem funcionários) no total investido caiu de 7,7% para 7,2%.

“Os dados mostram que o investimento é determinado pela decisão das maiores empresas e que há uma relação grande com as exportações”, disse Silvio Sales, chefe da Coordenação de Indústria do IBGE.

Além dos exportadores, a pesquisa mostrou ainda que os ramos ligados ao petróleo e ao agronegócio ganharam espaço não só no total de investimentos mas também no valor da produção. Na contramão, os segmentos mais voltados para o mercado interno perderam participação.

Por setores, os sete ramos que mais investiram concentraram 73% do total aplicado em 2002. Os investimentos da indústria totalizaram R$ 50 bilhões em 2002. As 20 maiores empresas, sozinhas, responderam por R$ 20 bilhões.

A maior expansão foi a do ramo de refino de petróleo e álcool, cuja participação subiu de 8,5% em 1996 para 18% em 2002. O motivo é o forte crescimento da produção de óleo nos últimos anos, segundo o IBGE. Também avançaram os investimentos do setor de minerais metálicos (principalmente ferro).

Prioritariamente voltados para o mercado interno, os segmentos de alimentos, veículos e minerais não-metálicos (insumos da construção civil) perderam espaço.

A julgar pelo crescimento das exportações em 2003 e em 2004, Sales acredita que os ramos relacionados com o comércio exterior tenham ganho participação em 2003 e que o mesmo deve acontecer neste ano.

Ao comentar o caso da indústria de veículos (cuja participação nos investimentos totais baixou de 13,4% para 9,6%), Sales disse que em 1998 o setor vivia seu melhor momento, batendo recordes de produção. Isso explica a maior fatia no bolo de investimentos dois anos antes, devido à instalação de novas unidades.

Valor da produção

Setores voltados ao mercado interno também perderam terreno no valor de transformação da indústria, uma medida que é semelhante ao PIB do setor.

O ramo de alimentos e bebidas, por exemplo, representava 17,6% do total em 1996 e passou para 16,8% em 2002. Já o de celulose e papel, destinado ao mercado externo, subiu de 3,8% para 4,6%. Em 2002, o valor da produção da indústria somou R$ 334 bilhões.