O governo vai manter até o final deste ano a redução de 25% para 20% na mistura do álcool anidro à gasolina – que entra em vigor hoje – e dificilmente deverá liberar os R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão pedidos pelos usineiros para o financiamento dos estoques do combustível. As duas medidas são encaradas como uma punição aos produtores de álcool. Os usineiros não cumpriram o acordo fechado em janeiro, que estabeleceu teto de R$ 1,05 para o preço praticado nas usinas, e não estão garantindo o abastecimento na entressafra de cana-de-açúcar.
No dia 22, o governo havia anunciado que a redução na mistura do álcool anidro à gasolina valeria por tempo indeterminado. Agora, mostra um endurecimento em sua posição, ao afirmar que a medida vai vigorar o ano inteiro.
Para evitar novas altas da gasolina, o governo já mostrou que pode ainda reduzir a Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) incidente sobre o combustível. Como o dinheiro para o financiamento da estocagem de álcool vem de recursos da Cide, os usineiros seriam punidos duplamente: deixariam de vender mais álcool e pagariam a conta pela arrecadação menor.
“Para dar a garantia (de abastecimento de álcool) ao consumidor brasileiro, e até por uma questão de postura, o governo quer examinar com mais profundidade o assunto. Seguramente a mistura vai (ficar em 20%) pelo menos até o final do ano, com a possibilidade de continuar”, afirmou ontem o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
Em 2003, quando também houve a redução na mistura, a intervenção durou cinco meses. Com a redução de agora, seriam retirados do mercado entre 1,2 bilhão e 1,5 bilhão de litros de álcool, o suficiente para um mês de abastecimento.