O governo federal anunciou ontem que a mistura do álcool anidro à gasolina deverá cair dos atuais 25% para 20%. A medida será implementada após uma resolução do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool (Cima), que deverá ser publicada no Diário Oficial da União ainda nesta semana, segundo informações do Ministério da Agricultura.
Segundo o ministério, o Brasil destina 500 milhões de litros de álcool anidro por mês para adicionar à gasolina tipo C. Com a redução da mistura de 25% para 20%, o consumo cairá para 400 milhões de litros.
Ontem, o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, disse que a redução da mistura não será um problema para o setor sucroalcooleiro.
Segundo Carvalho, a alteração da mistura está prevista em lei, o que permite essa flexibilização. Para ele, seria problema para o setor se o governo federal decidisse impor tarifas para exportação do álcool. Carvalho admite que a imposição dessa tarifa poderia inibir os investimentos do setor no combustível.
Ontem, os empresários sucroalcooleiros se reuniram, em São Paulo, para discutir a antecipação da safra 2006/07 de maio para março no Centro-Sul do país. A expectativa é de que as usinas processem em torno de 20 milhões de toneladas de cana entre março e abril, com 60% da produção da cana destinada para o álcool. Esses volumes seriam suficientes para a produzir 850 milhões de litros, segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica.
A Unica ainda não divulgou suas estimativas de produção de cana para o Centro-Sul em 2006/07, mas os volumes deverão superar os 338 milhões de toneladas da safra 2005/06 por conta do bom regime de chuvas e com a expansão de área plantada. No dia 1 de março, a usina Cocamar, instalada em São Tomé (PR), será a primeira usina do país a dar início à moagem de cana da safra 2006/07.
Padua lembrou que a oferta escassa de álcool nesta entressafra reflete um incremento da demanda pelo combustível na safra 2005/06. A demanda aumentou cerca de 800 milhões de litros, para 13,4 bilhões de litros, por conta da maior circulação de veículos flex fuel no país. Padua também atribui a menor oferta de álcool à queda da produção de cana em alguns Estados, como Paraná e Mato Grosso. A projeção inicial era de que o Centro-Sul produzisse 15 bilhões de litros, mas a oferta ficou em 14,4 bilhões de litros. “O clima seco prejudicou o desenvolvimento da cana em alguns Estados.”
Carvalho voltou a reiterar que o rompimento do compromisso de preços do álcool combustível em até R$ 1,05 (posto usina) reflete as atuais condições de mercado, de estoques apertados.