O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicará amanhã, por decreto, uma área correspondente a aproximadamente 1% de todo o território nacional (o equivalente a 8,5 milhões de hectares) como a mais adequada para o plantio de cana-de-açúcar. Esse porcentual, segundo uma fonte do Planalto, será suficiente para praticamente dobrar a área plantada atualmente, de 7,9 milhões de hectares, para 14,8 milhões de hectares em 2017.
Essa área faz parte de uma faixa de 19% do território nacional onde a lavoura da cana será permitida. Por outro lado, o governo vetará o cultivo de cana em 81% da área nacional, incluindo as regiões do Pantanal, da Amazônia e do polêmico Alto Rio Paraguai, em Mato Grosso. A proibição de áreas de plantio será enviada ao Congresso esta semana, por meio de projeto de lei, depois de mais de um ano de debate sobre o tema.
As novas recomendações a respeito do cultivo da cana fazem parte do Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar (ZAE Cana) e levam em conta a necessidade de o Brasil ofertar matéria-prima suficiente para equilibrar a expectativa de demanda doméstica e internacional por etanol. O zoneamento será anunciado amanhã pelo governo.
Por trás da decisão do governo de deixar de lado o plantio nas áreas do Pantanal, Amazônia e Região do Alto Rio Paraguai, está uma estratégia que leva em conta o mercado internacional, informou a fonte do Planalto, onde são cada vez maiores os questionamentos sobre a degradação do meio ambiente no rastro da expansão da área agrícola brasileira. O ponto nevrálgico das discussões travadas sobre o tema entre ministros e o Planalto foi o do Alto Paraguai, cujas águas descem para a região do Pantanal.
A avaliação do governo é que a área indicada para o plantio da cana será mais do que suficiente para atender à expectativa de crescimento da produção, sem afetar regiões ambientalmente sensíveis.
Crédito
Ainda que haja uma preferência do governo para que o plantio de cana se concentre naquela faixa de 1% do território, o agricultor poderá expandir a lavoura na faixa de 19% que será liberada por decreto. O produtor que aceitar a área indicada pelo governo, porém, terá benefícios de crédito, de acordo com a fonte do Planalto.
Há a intenção de se criar uma linha de financiamento para esse fim, que deve ser regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) depois que o projeto de lei passar pelo Congresso. Numa próxima etapa, o governo pretende propor também o abandono, nos próximos oito anos, das queimadas que são feitas na pré-colheita da cana em todo o Brasil.