Cristiane Jungblut e Eliane Oliveira
BRASÍLIA. A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Coréia do Sul e ao Japão deverá ter resultados comerciais imediatos. A estimativa do Itamaraty é que serão fechados contratos da ordem de US$ 1,5 bilhão, a maior parte deles com a iniciativa privada japonesa, nas áreas de energia, construção civil e infra-estrutura.
Segundo o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, Mário Vilalva, a meta é retomar o volume de negócios entre Brasil e Japão registrado na década de 80. Em 2004, o Brasil exportou US$ 2,7 bilhões ao Japão, contra US$ 2,8 bilhões em importações daquele país. No caso da Coréia, foi exportado US$ 1,4 bilhão e importado US$ 1,7 bilhão.
Durante a viagem, serão realizados seminários com a participação de cerca de 500 empresários, dos quais 300 dos lugares visitados e 200 brasileiros. Para convencer japoneses e coreanos de que o Brasil é um bom local para investir e comprar, a comitiva contará com a participação do presidente Lula e dos ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Minas e Energia), além do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
— Nosso principal desafio é mostrarmos que não somos apenas exportadores de matérias-primas, mas também de manufaturados — afirmou Furlan.
Enquanto na Coréia o principal interesse é em infra-estrutura, no Japão a intenção de governo e empresários brasileiros será vender etanol para aquele país, que permite a adição de 3% do produto por litro de gasolina. Serão apresentados projetos para a produção de etanol em módulos de 60 mil hectares, incluindo plantação e produção, com investimentos de US$ 150 milhões por módulo e produção anual de 480 milhões de litros de álcool.
Comitiva terá que convencer japoneses sobre etanol
Lula chega a Seul, na Coréia, no dia 23, e depois segue para o Japão, onde fica até o dia 28. O governo está otimista sobre a perspectiva de voltar com entendimentos para exportações do etanol, mas no caso dos japoneses os brasileiros terão que vencer desconfianças sobre as condições de fornecimento.
— Há uma preocupação com a garantia do abastecimento — disse Vilalva.
Furlan acrescentou que a taxa de câmbio ainda não afetou as exportações, que somaram US$ 105 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses e continuam registrando uma média diária de US$ 400 milhões. Ele assegurou que, em maio, as vendas externas baterão um novo recorde. O ministro admitiu que há setores que estão perdendo competitividade, especialmente os que usam mão-de-obra intensiva. Porém, lembrou que outros segmentos estão com os preços elevados no mercado internacional, como açúcar, suco de laranja e café:
— Há setores que estão perdendo espaço e há setores que continuam crescendo, como a siderurgia e alguns segmentos da agricultura.