O governo não tem nenhum plano, até o momento, de alterar a mistura de álcool anidro na gasolina na proporção de 20%. Essa participação do etanol na gasolina, que vigora desde 1 de março deverá mesmo ser mantida até o final do ano. A redução de 25% para 20% na taxa de mistura do álcool anidro à gasolina, foi determinada pelas autoridades da área de energia do governo após a explosão dos preços do álcool hidratado nas usinas, por causa da demanda elevada durante o período de entressafra da cana de açúcar. Com o início da safra de cana, neste ano antecipada em 60 dias, os preços voltaram a cair. Até o final da sexta-feira, já haviam caído 30,3%.
“Não há até o momento projeto oficial para que a mistura original de álcool na gasolina seja restabelecida”, informou ontem o diretor de Álcool e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ângelo Bressan. Qualquer processo burocrático com esse objetivo teria obrigatoriamente que passar por aquele departamento do Mapa, o que não ocorreu.
A informação dada por Bressan foi motivada pela declaração do diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, à Bloomberg News, segundo a qual a estatal pode incrementar o teor de álcool anidro à gasolina. Segundo o diretor da estatal, a retomada da produção de álcool pelas usinas cria as condições necessárias para atender à demanda e ainda manter as exportações do combustível, afirmou Barbassa.
Para Bressan, o diretor da Petrobras expressou mais um desejo do que uma decisão. Segundo afirmou, a redução da percentagem de álcool anidro na gasolina implica num custo adicional para a estatal, uma vez que a empresa deixa de contar com um excedente de gasolina, que poderia ser exportado resultando em ganho adicional por causa da alta dos preços do petróleo no mercado internacional.
O diretor do departamento de Açúcar e Álcool também é partidário do restabelecimento dos 25% na proporção de álcool na gasolina. Segundo Bressan, a mistura de álcool na gasolina é um instrumento importante para a execução da política energética. A lei que estabelece a composição do combustível determina um mínimo de 20% e o máximo de 25% de álcool anidro na gasolina. Em plena safra da cana-de-açúcar, o ideal, para ele, é que a participação do álcool na composição do combustível seja maior.
A velocidade com que cai o preço do álcool hidratado nas usinas já era esperada, afirmou Bressan. No início da safra, é baixo o teor de sacarose na cana e por isso, mais adequado à produção de álcool do que do açúcar.