O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) está preocupado com a escalada do preço do álcool e avalia se está havendo abuso nos valores cobrados dos consumidores nos postos. A orientação do departamento, vinculado à Secretaria de Direito Econômico (SDE), órgão do Ministério da Justiça, é que os consumidores façam pesquisa de preço e denunciem eventuais abusos.
– A situação causa preocupação ao departamento. Estamos fazendo um acompanhamento. Todo o sistema (Procons estaduais e municipais) está fazendo isso. Para eventuais abusos, do ponto de vista local, serão tomadas providências específicas – diz o diretor do DPDC, Ricardo Morishita.
Ele acrescenta que o departamento ainda não tem uma avaliação se está havendo abuso por parte dos postos de combustíveis ou dos usineiros.
– Ainda estamos avaliando. Não posso dizer que sim, mas também não posso passar um atestado de que não está havendo – afirma.
Segundo ele, a área econômica do governo vem trabalhando em medidas para tentar resolver o problema do preço do álcool. Morishita avalia que a alta dos preços envolve questões estruturais e as medidas em estudo visam mais diretamente o mercado de álcool.
– Há a discussão de uma política estrutural. Mas é lógico que o objetivo é o consumidor.
O diretor afirma que, em momentos de alta de preço, a melhor forma de os consumidores se protegerem é fazendo pesquisas.
– Em todos os momentos de alta, uma das grandes ferramentas é pesquisar e encontrar o melhor preço. Quando esse controle local toma corpo, há um efeito muito importante – disse Morishita.
Na quinta-feira, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, havia afirmado que o aumento dos combustíveis nos postos é absolutamente especulativo e negou haver uma crise do álcool.
A escalada no preço dos combustíveis é atribuída ao aumento do consumo de álcool devido à proliferação dos carros flex e à entressafra da cana-de-açúcar.
Para tentar reduzir o impacto do aumento do álcool, o governo fez um acordo com os usineiros para congelar o preço do álcool anidro, o que acabou não dando certo. A segunda medida entrou em vigor esta semana: a redução de 25% para 20% do percentual de álcool anidro na gasolina, com o objetivo de aumentar a oferta do derivado de cana no mercado.
O problema é que a medida não conteve a alta do álcool e ainda elevou o preço da gasolina – como a gasolina é mais cara, a redução da mistura de álcool automaticamente empurra os preços para cima.
Levantamento feito pelo Jornal do Brasil mostrou que os postos no Rio de Janeiro elevaram o preço do álcool entre 5,19% e 10% esta semana, apesar da redução do produto na composição da gasolina. Esta, por sua vez, foi reajustada em até 3,8% na cidade.