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Governo do Brasil investe em ferrovias para manter o ritmo das exportações

O governo brasileiro deverá realizar uma capitalização de US$ 408 milhões de uma das principais ferrovias do país para ajudar a superar um gargalo de transporte que ameaça o crescimento das exportações. A injeção de dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o banco de desenvolvimento oficial, e de acionistas majoritários faz parte de uma reorganização administrativa e financeira da Brasil Ferrovias, disse o presidente do banco, Guido Mantega.

“O acordo será aprovado em breve. Vamos reestruturar, modernizar e capitalizar as ferrovias para que funcionem adequadamente.”

A reestruturação pretende ajudar a sustentar o intenso crescimento das exportações brasileiras de soja e minério de ferro, tornando o transporte ferroviário mais barato e rápido.

A infra-estrutura de transporte decrépita é considerada um dos principais obstáculos para o crescimento econômico acelerado. O governo também espera expandir o sistema ferroviário em 5 mil quilômetros por meio de parcerias público-privadas que ele apóia com garantias legais e financeiras.

Separadamente, o setor privado deverá investir US$ 2,7 bilhões nos cerca de 30 mil quilômetros que opera. A Brasil Ferrovias liga São Paulo e o porto de Santos à região agrícola das planícies do centro-oeste e à fronteira boliviana, onde a companhia de recursos naturais Rio Tinto opera uma mina de ferro.

A Rio Tinto recentemente assinou um memorando de intenções para investir cerca de US$ 1 bilhão para expandir a produção de minério de ferro em sua mina em Corumbá. Analistas dizem que transportar minério por trem é mais barato do que sua atual rota de exportação fluvial, através do Paraguai e da Argentina.

Em troca de seu investimento, o BNDES está pedindo ao Funcef e ao Previ, dois importantes fundos de pensão brasileiros que têm participação controladora na Brasil Ferrovias, para abandonar a administração. “Haverá uma licitação internacional para contratar administração profissional experiente”, disse Mantega.

Parte da injeção de capital de US$ 260 milhões do BNDES será uma conversão de dívida por capital, dando ao banco uma participação de 34% na Ferronorte, uma das três subsidiárias da Brasil Ferrovias.

Dentro de três anos a Ferronorte deverá ser listada no Novo Mercado, uma bolsa de São Paulo com regulamentação corporativa mais restrita que a Bovespa.

O acesso aos mercados de capitais deverá ajudar a abrir caminho para investimentos de US$ 749 milhões para melhorar as ferrovias, vagões e locomotivas. Grande parte da infra-estrutura da Brasil Ferrovias está em péssimas condições, e só quantidades limitadas de carga podem ser transportadas, especialmente da mina de ferro em Corumbá.

Em um trecho de 1.500 quilômetros, a velocidade média dos trens é de apenas 20 km/hora. O banco de investimentos JPMorgan tem uma participação de 10,4% na Brasil Ferrovias e a Laif, um fundo de investimentos privado de Washington, 15,3%.