O governo desistiu de convocar distribuidores e revendedores de álcool para discutir as margens de lucro na na comercialização do produto. A reunião, anunciada na semana passada pelo Ministério da Agricultura, estava prevista para esta semana, mas não foi considerada necessária pelo Ministério de Minas e Energia. Ontem, o ministro Silas Rondeau disse que o mercado de álcool é livre e, portanto, o governo não pode adotar nenhuma medida de pressão. Essa conversa sempre existiu. Não diria que haverá uma reunião especial para isso.
Em uma conversa dessas, certamente vamos pôr o assunto na pauta. A idéia da reunião surgiu quando o governo constatou a resistência do setor em reduzir os preços do álcool na bomba. A queda dos preços na usina não se refletiu nos preços aos consumidores. Rondeau disse, ainda, que o governo não pode interferir na definição das margens de lucro em um segmento que opera com preços livres. Não posso discutir margens de lucro.
Quem vai regular é o mercado. O acordo do governo com os usineiros, que fixou o preço do álcool anidro em R$ 1,05 na usina, tem de ser visto, segundo Rondeau, do ponto de vista de uma política macro para o País.
A preocupação do governo é não deixar o programa do álcool derrapar de novo, disse.
Ele lembrou que o primeiro Proálcool fracassou porque o preço do açúcar subiu muito e os produtores deixaram de produzir álcool para produzir açúcar. Ao ser questionado se os segmentos de distribuição e revenda poderiam colaborar com essa política, Rondeau respondeu: Acho que tomando consciência disso, sim. Mas eu não vejo necessidade, neste momento, de utilizar qualquer mecanismo de pressão para esse tipo de controle. O preço do álcool, na avaliação do ministro, cai naturalmente quando há aumento de produção. Como o período é de entressafra, os preços subiram. Ele ressaltou, porém, que os usineiros se comprometeram a antecipar a moagem da cana-deaçúcar de abril para março para aumentar a oferta de álcool. Até lá, a Agência Nacional do Petróleo atuará mais diretamente na fiscalização.
A explicação de Rondeau para a alta na bomba é que os os distribuidores ainda têm estoques de álcool antigos.