Um projeto de lei apresentado à Assembléia Legislativa pelo governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, permitirá -se for aprovado pelos deputados- a instalação no entorno do Pantanal de usinas de álcool e de açúcar. Essa é a terceira tentativa de Zeca, em dois anos, de mudar a lei.
Um subproduto dessas usinas é o vinhoto, que, segundo ambientalistas, pode absorver o oxigênio da água dos rios e provocar mortandade de espécies aquáticas.
Na quarta-feira passada, Zeca apresentou projeto de alteração da lei estadual 328, de 1982, que proíbe a instalação de destilaria de álcool ou de usina de açúcar e similares no entorno do Pantanal.
Para alterá-la, o governo argumenta que haverá benefícios socioeconômicos para o Estado e que não há hipótese de risco de impacto ambiental.
No passado, ainda como deputado, o próprio governador foi contra a instalação de usinas nas imediações do Pantanal. “Fui contra pelo local e pela falta de tecnologia. Hoje, vocês, mais do que eu, sabem que há tecnologia para o aproveitamento racional do vinhoto e do bagaço para a produção de fertilizantes e energia”, declarou Zeca, em reunião com prefeitos no último dia 11.
A intenção do governo é ampliar as nove usinas já existentes no Estado e instalar ao menos outras cinco até 2010. O investimento previsto é de R$ 1,1 bilhão.
Para o secretário da Produção e do Turismo, Dagoberto Nogueira Filho, “economicamente, não vai ter nada mais rentável do que a cana nos próximos 50 anos”.
O prefeito de Coxim, Moacir Kohl (PDT), disse que, se a lei for aprovada, cairá “como uma luva”. O município é 1 dos 23 que ficam dentro da área de alcance estipulada pelo projeto de lei.
O ramo que mais contribuiu para campanha de reeleição do petista, em 2002, foi o sucroalcooleiro. Três usinas doaram juntas R$ 956,78 mil à campanha.
Com as novas usinas, o escoamento da produção de açúcar deverá acontecer por meio de um terminal portuário na cidade de Porto Murtinho, no Pantanal, terra natal de Zeca do PT.
O terminal pertence ao Estado, mas a concessão de exploração pertence à família do governador. É comandado por um irmão, a cunhada e o sobrinho de Zeca.