Com diversas usinas de etanol em construção e projetos em andamento, Goiás e Mato Grosso buscam estreitar relacionamento com a Flórida visando exportações futuras. O estado americano tende a ser a porta de entrada do biocombustível nos Estados Unidos.
“A Flórida tem condições de ser o grande portal de entrada do etanol aos Estados Unidos, principalmente pela localização estratégica”, destacou José Juarez Pereira de Faria, superintendente de Indústria da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia do Mato Grosso. Ele se encontrou na terça-feira (06/11) com o governador da Flórida, Charlie Crist, na II Expo Flórida, relizada no Amcham Business Center, em São Paulo.
De acordo com Faria, Mato Grosso, Goiás e outros estados do Centro-Oeste estudam uma rota no País que passe por rodovias, hidrovia e ferrovias para chegar a Belém do Pará e São Luiz do Maranhão, capitais mais próximas da Flórida e de onde o etanol seria embarcado.
Investimentos e comércio
O secretário de Comércio Exterior de Goiás, Ovídio Antônio de Angelis, que também se reuniu com Charlie Crist, disse que a aproximação também tem o objetivo de atrair investimentos. “Temos nos esforçado e hoje Goiás faz parte de qualquer roteiro internacional empresarial, não só em relação aos biocombustíveis como também pelo setor mineral. Temos atraído capital estrangeiro, realizado parcerias e jont-ventures”, enfatizou.
Após reuniões estratégicas com empresários e representantes de estados brasileiros, o governador da Flórida destacou no discurso de abertura da feira na Amcham que o momento é favorável à ampliação do fluxo comercial entre o estado americano e o Brasil. “Vivemos uma fase de ouro na relação entre a Flórida e Brasil, que será fortalecida com o etanol”, disse Crist.
No momento, a Flórida não importa etanol do Brasil e consome basicamente o produto proveniente do meio-oeste dos Estados Unidos e feito a partir do milho. Mas o governador disse que há potencial para o etanol brasileiro nos próximos anos, principalmente quando houver eliminação da tarifa de US$ 0,54 por galão.
Etanol avança no Centro-Oeste
O secretário de Comércio Exterior de Goiás afirmou que o estado poderá se tornar o segundo maior produtor de etanol do País em 2010, atrás apenas de São Paulo. “O volume de produção de etanol é de 1,2 bilhão de litros por ano, o que poderá ser multiplicado por dez em curtíssimo prazo.”
Segundo Ovídio Antônio de Angelis, existem hoje 18 usinas em operação e 20 em construção em território goiano. “Temos ainda mais 80 projetos tanto de etanol como de biodiesel buscando incentivos fiscais do governo. Naturalmente são intenções empresariais, mas tudo indica que de 60 a 70% destes projetos rapidamente estarão implantados.”
Angelis destacou ainda que grande parte dos projetos de usinas de etanol em andamento prevêem a cogeração, que inclui o uso do bagaço da cana-de-açúcar para geração de energia elétrica.
Na área do biodiesel, Goiás utiliza basicamente a soja como matéria-prima. “Buscamos incentivar a diversificação. Hoje já estão em curso plantações de pinhão manso, mamona e girassol na agricultura familiar.” Segundo o secretário, estuda-se ampliar a utilização do sebo de boi , uma vez que o estado possui uma série de frigoríficos de bovinos, suínos e aves.
O superintendente da Indústria de Mato Grosso, José Juarez Pereira de Faria, afirmou que o estado já conta com 11 usinas de etanol em funcionamento e mais outras 11 em construção. A produção do biocombustível, que deve atingir 850 milhões de litros este ano, subirá para 1,1 bilhãode litros em 2008.
Mato Grosso, informou Faria, já conta com 18 usinas de biodiesel. No entanto, como as atividades são recém-iniciadas, a produção este ano será de apenas 50 milhões de litros com tendência de ampliação substancial a partir de 2008. “As matérias-primas são várias, como sebo de boi, soja, mamona e girassol. O governo incentiva agora o dendê, que segundo estudo é viável em nossa região.”
Os representantes dos governos de Goiás e Mato Grosso enfatizaram que a produção de etanol e biodiesel não devastará áreas verdes nem comprometerá a produção de alimentos. “Temos áreas degradadas pela pecuária que serão utilizadas”, disse o secretário de Comércio Exterior de Goiás. O superintendente da Indústria do Mato Grosso acrescentou que as novas tecnologias para criação de gado estão reduzindo as áreas para pastagem.