O início das operações da planta de regaseificação, no Porto do Pecém, previsto para agosto deste ano, irá ampliar em 13 vezes a oferta de gás natural no Ceará. Com a planta, a chegada de gás passará de 550 mil metros cúbicos por dia para 7 mil metros cúbicos. Atualmente, o gás que chega vem de Guamaré, no Rio Grande do Norte, e é o suficiente para abastecer o Ceará. Entretanto, a quantidade é insuficiente para tornar viáveis as operações das usinas termelétricas no Estado. A UTE Termoceará, para sua capacidade plena ser atingida, precisa de 1,2 mil metros cúbicos, e a Termofortaleza, 1,5 mil.
Entretanto, esse gás terá um preço maior, informa o diretor da Companhia de Gás do Ceará (Cegás), Raimundo Lutif. ´A vantagem é ter flexibilidade de abastecimento´, diz. Ele afirma que, na estrutura que será construída, o TGAN permitirá que o gás torne-se uma espécie de commodity, podendo, com armazenamento a uma temperatura de 160 graus negativos, ser utilizado dias depois, o que não é possível hoje, com o recebimento pelo Guamaré. ´O gás vai para tubulação, e o que não for consumido aqui vai para o Gasoduto do Nordeste, podendo chegar até Salvador´, diz. A tubulação que ligará o terminal a um ponto de distribuição, que levará ao Gasoduto Guamaré-Pecém e para as térmicas, está sendo concluída.
Mas a destinação definida para o gás são as duas termelétricas do Estado, que ainda não funcionam pela falta do insumo. Segundo o diretor da UTE Termoceará — pertencente à Petrobras —, Alcides Diniz, as operações da usina poderão ter início já em agosto, com a chegada do gás. Por enquanto, venderá energia esporadicamente, já que os contratos firmes estão datados para o início de 2009, no valor de R$ 2,5 milhões por mês, valor que deve ser dobrado até 2010. A capacidade de produção da térmica é de 220 megawatts (MW).
Diniz informa que a Termoceará está em obras para a conversão das suas turbinas para biocombustível, para poder utilizar-se também de óleo diesel. O investimento com isso é de R$ 100 milhões.
Obras
A planta de regasificação do Pecém será móvel, realizada dentro de um navio. O píer 2 do porto está sendo adaptado para receber a planta provisoriamente, enquanto não é concluída a obra do Terminal de Gás Natural Liquefeito (TGAN), um novo píer (também chamado de Píer 0) exclusivo para este fim, a ser concluído em dois ou três anos. O terminal custa R$ 103 milhões, com recursos do BNDES e do Tesouro Estadual.
Com um investimento de R$ 345 milhões, o projeto do Terminal de Múltiplo-Uso (TMUT), no Pecém, passará por audiência pública no próximo dia 17. A lei determina que toda obra com custos acima de R$ 150 milhões passem por este processo. Dez dias após a audiência, será lançado o edital e, em 30 dias, poderá haver a licitação. A previsão, segundo o secretário adjunto da Secretaria de Infra-estrutura do estado (Seinfra), Otacílio Borges, é de que as obras de construção do terminal se iniciem entre setembro e outubro, com prazo de conclusão de 24 meses. Os recursos são do Governo Federal, através do BNDES, com contrapartida de R$ 69,3 milhões do Estado.
REGASEIFICAÇÃO NO PECÉM
Petrobras começará operações em agosto
Rio. A Petrobras vai iniciar, entre o fim de julho e o princípio de agosto, o despacho comercial de GNL no terminal de Pecém (CE). O gás será direcionado para usinas termelétricas, e o primeiro volume será entregue pela BG (Britsh Gas). A Petrobras e a empresa britânica assinaram contrato ontem. O navio Golar Spirit, onde o GNL será regaseificado, tem chegada prevista ao Brasil para o próximo mês.
Ele está sendo convertido em Cingapura, e sairá de lá até o próximo dia 10. O volume firmado com a BG não está completamente definido, explicou a diretora de gás e energia da Petrobras, Maria das Graças Foster. Segundo ela, vai depender da variação da demanda. A primeira carga a ser entregue terá entre 75 mil metros cúbicos a 125 mil metros cúbicos.
O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, classificou o contrato com a BG como mais um passo para a montagem de um mercado de gás mais flexível.
´Vamos avançar mais um passo na flexibilização física de oferta de moléculas. O contrato com a BG terá flexibilidade adequada ao mercado brasileiro. É um passo em direção a um mercado mais maduro e mais consolidado´, destacou. A Petrobras já fechou quatro contratos de fornecimento de GNL, cujos volumes não foram revelados.
Além da BG, a Petrobras vai comprar GNL da Shell e de outras duas empresas, cujos nomes são mantidos em sigilo por força contratual, conforme antecipou o Diário do Nordeste. A disparada do petróleo no mercado internacional vem fazendo com que a Petrobras deixe de lucrar mais na venda de gás natural às distribuidoras. A diretora Maria das Graças Foster disse que a recente revisão dos contratos com as distribuidoras já está defasada, diante do petróleo cotado em torno dos US$130.
Maria das Graças, no entanto, descartou que haja previsão de nova revisão. ´Esta supervalorização do petróleo já traz um descolamento da nova política do gás recém-implementada´.
`Mas a Petrobras não tem prejuízos em função disso´, afirmou a executiva, após assinar contrato de fornecimento de GNL (Gás Natural Liquefeito) com o BG (British Group). Os preços do gás também estão atrelados ao preço do petróleo, já que o combustível é um dos componentes da cesta de óleo, juntamente com outros derivados como gasolina e diesel. Maria das Graças explicou que os novos contratos firmados recentemente levam em conta o preço do barril em patamar menor do que o atual, mas não revelou o valor-base definido com as distribuidoras.