Ao montar uma nova usina de açúcar, etanol e energia é necessário ter um gerenciamento de projetos adequados para evitar gastos desnecessários. A afirmação é de Ricardo Albino, engenheiro químico, responsável pela área de processos da Bosch Projects do Brasil.
Segundo ele, a falta do gerenciamento de projeto adequado pode gerar custos adicionais de até R$ 50 milhões. “Sem o gerenciamento, além do risco de não se realizar a montagem de acordo com o projeto, a montagem poderá não ser finalizada no prazo planejado, acarretando em atraso do inicio da produção da unidade e até mesmo multas, caso já se tenha firmado algum contrato de fornecimento de açúcar, etanol ou energia que não poderá ser cumprido”, afirma Albino.
De acordo com o engenheiro químico, outro grande erro é calcular os projetos com as chamadas “regras práticas” pré estabelecidas, onde são utilizados os fatores empíricos industrialmente aceitos obtidos da experiência em operação da indústria sucroenergética. “A utilização destes valores podem resultar em grandes e caros erros de cálculo já que não são consistentes ou precisos para uma grande amplitude de condições”, garante.
Para Albino, outro detalhe importante é o simulador de balanço de massa e energia, que garante que tanto a massa como a energia na entrada de uma planta ou de um processo sejam balanceados com a massa e energia que deixam o sistema. “A lei fundamental de conservação de massa e energia é então respeitada. Este procedimento de cálculo é normalmente praticado em processos industriais complexos. O procedimento utilizando se um balanço de massa e energia fornece muito mais detalhes sobre a entrada e saída das correntes de processo”.
De acordo com o especialista da Bosch Projects, uma vez que a magnitude e as propriedades físicas dos fluxos sejam conhecidos, o dimensionamento dos equipamentos podem ser realizados com maior precisão. “Isto otimiza o tamanho dos equipamentos e previne a decisão de compra de equipamentos super dimensionados e excessivamente caros ou a compra incorreta de equipamentos sub dimensionados que resultariam numa deficiência do processo, diminuindo sua capacidade produtiva.”
Albino explica que os fabricantes de turbo geradores normalmente oferecem os equipamentos pelo seu consumo específico de vapor a plena carga. “Este consumo de vapor é utilizado para os cálculos de projeto do processo mesmo em cargas menores que a taxa a plena carga, o que é um procedimento incorreto. Um turbo gerador que a plena carga possui um consumo específico de vapor de 5 ton/MWh quando operando a 50% de carga, o vapor requerido para operação não é 50% do consumo a plena carga, podendo chegar a valores de 5,5 ton/MWh (10% maior) ou superiores. Isto implica que a máquina é menos eficiente a baixas cargas e deverá requerer mais vapor. Cálculos utilizando se o consumo específico de vapor de 5 ton/MWh seriam incorretos e resultariam na falta de vapor no processo.”
Esses temas foram discutidos durante o painel da Stab, no último Simtec em Piracicaba (SP).