Virgínia Lyra Leão tem os pés na capital paulista, onde a Delta Sucroenergia, da qual é vice-presidente, possui escritório.
E também tem os pés em Minas Gerais, estado na qual a companhia controla três unidades produtoras.
Alçada ao cargo de vice-presidente da Delta Sucroenergia em 2018, Virgínia mescla o trabalho de executiva da empresa e o de mãe.
Aos 35 anos, ela possui dois filhos: um de 14 anos e um bebê que tinha cinco meses no começo de março, quando esta entrevista foi realizada.
Desde os 23
Virgínia começou a trabalhar efetivamente na empresa com 23 anos, após formar-se em Administração de
Empresas.
Anos depois tornou-se diretora comercial da Delta, que controla as unidades Delta.
Elas ficam nos municípios de Delta; Volta Grande, em Conceição das Alagoas; e Conquista de Minas, em Conquista.
Confira a seguir entrevista de Virgínia publicada na edição 303 do JornalCana.
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Como está a safra 2019/20 para a Delta?
Em relação a moagem, deverá repetir a safra 18/19, quando foram processadas 10 milhões de toneladas
de cana-de-açúcar.
A safra tende a começar com mix mais alcooleiro. A produtividade em TCH, por sua vez, será um pouco melhor. Significa que teremos mais produção de ATR total, que representa a multiplicação do ATR da indústria com o agrícola.
A que se deve esta projeção otimista em volume de ATR?
O rendimento agrícola deverá ficar melhor do que em 2018.
Por isso prevemos que o volume de TCH, devido ao manejo e ao plano de produtividade empregado, supere o
da safra anterior.
Quais suas expectativas em relação ao RenovaBio?
Quero que dê certo. O problema é que você emite os Cbios [certificados de venda] e é preciso ter também o
lado comprador [desses certificados].
Senão o Cbio não irá valer nada.
Temos que incentivar que haja uma ponta compradora.
E as distribuidoras de combustíveis?
Temos as distribuidoras, que são obrigadas a comprar.
Mas se tivermos mais participantes no mercado chamado secundário, haverá mais volume para dar liquidez e valor [aos Cbios].
De todo modo, é preciso ter oferta e demanda para eles valerem cada vez mais.
RenovaCalc
E não só os certificados medidos pela calculadora do programa, a RenovaCalc, a partir da redução da emissão de CO2, e que gera mais Cbios para as unidades mais eficientes.
Como a Delta Sucroenergia se prepara para o RenovaBio?
Estamos começando a nos preparar neste 2019.
Isso porque a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) oficializou as primeiras certificadoras.
Em sua opinião, o setor tende a ficar mais concentrado, com mais unidades nas mãos de menos grupos?
Sim. Há muitas unidades à venda. O problema são os preços.
De todo modo, os compradores querem pagar valor muito baixo e os vendedores querem valor mais alto.
Como o ciclo da cana é longo, com seis anos para colher, a situação se estende.
Por isso a negociação demora a ser efetivada?
Sim. Pode-se ficar até nove anos com a cana, mesmo com queda em produtividade.
Caldeira nova
A Delta também é reconhecida pelo potencial de bioeletricidade.
Sim. Investimos em caldeira nova, de leito fluidizado, na matriz Delta.
Cogeramos e exportamos nas duas unidades (Delta e Volta Grande) via leilão.
Mas não vendemos toda a energia produzida em leilão. Vendemos entre 70 e 75% do total. O restante vendemos no mercado spot, por meio de contratos bilaterais com distribuidoras e comercializadoras.
As mulheres tendem a assumir mais postos de comando no setor sucroenergético?
A tendência é cada vez mais as mulheres assumirem posições.
Finalmente, hoje isso é muito baixo devido a questões culturais, de vida.
Antes as mulheres eram criadas para serem mães e donas de casa.
Por fim, hoje querem trabalhar. E dá um trabalhão. Sou prova viva disso.