Mercado

Gente 4.0

Só gente 4.0 sabe integrar tecnologias 4.0 e formar gente 4.0!

Josias Messias, presidente da ProCana Brasil
Josias Messias, presidente da ProCana Brasil

Há alguns anos, ao comentar com o CEO de um grande grupo os ganhos e a evolução que um sistema de Otimização em Tempo Real estava proporcionando a algumas usinas, fui surpreendido por sua resposta seca: antes da tecnologia vem as pessoas. “Primeiro temos que investir nas pessoas, com treinamentos de capacitação e de liderança e só depois de formar equipes maduras é que vamos investir em tecnologia”, explicou na época.

Para tentar explicar que o sistema só iria contribuir e acelerar o processo de empoderamento das pessoas, dei o exemplo do uso de GPS numa frota, através do qual cada motorista bem treinado teria mais facilidade para cumprir o trajeto com segurança e economia, e entregar melhor resultado do que se estivesse dependendo apenas de suas próprias habilidades. E o quanto a transportadora poderia lucrar usando a ferramenta para otimizar as rotas… Não adiantou. Ele tinha a matriz de prioridades já formada e nela não havia espaço para mudança.

Passaram os anos e os resultados operacionais daquele grupo pioraram e, junto com estes, o turnover e a desconfiança dos colaboradores. O CEO acabou sendo demitido e saiu do Setor.

Esta experiência mostra-nos que ainda podemos encontrar empresários e executivos despreparados para lidar com a transformação digital nas usinas.

O caso do Uber também é bastante ilustrativo. Por acaso a empresa primeiro organizou treinamentos para as pessoas utilizarem seu aplicativo ou simplesmente ofereceu a oportunidade e as pessoas interessadas aprenderam a usar a tecnologia para obter flexibilidade de trabalho e renda?

E acontece assim também nas usinas!

Hoje, sistemas inteligentes, que podem ser considerados no conceito 4.0, comandam o planejamento e a rotina operacional e administrativa de dezenas de usinas.

E os primeiros beneficiados são os próprios colaboradores, os quais, com o auxílio da tecnologia, se tornam mais produtivos e fazem mais, melhor e com mais conforto e segurança.

Além disso, é crescente a participação de um novo perfil de profissionais, com muitas das características dos Millennials, que só se sentem estimulados a trabalhar com uso de tecnologia avançada. São profissionais que priorizam a inteligência, o planejamento e otimização das atividades e sabem usar as tecnologias avançadas para transpor a inteligência da gestão para a operação. Gente 4.0!

Foi o que aconteceu com o grupo do início do artigo, que contratou um gestor 4.0 que priorizou a adoção de tecnologias de inteligência artificial integradas como principal “motor” da mudança das operações agrícolas sob sua gestão. Os resultados demoraram apenas duas safras para aparecer: a produtividade foi a maior dos últimos 10 anos, com custos 10% menores que o planejado!

Atualmente, há uma diversidade de tecnologias 4.0 maduras e de resultados consistentes aplicadas em diversas áreas das usinas. Seguindo esta tendência, as tecnologias 4.0 deveriam ser tratadas como estratégicas, no papel de principais indutoras da mudança na cultura das usinas em busca de altas produtividades e eficiências, com segurança e baixos custos.

Diante da complexidade e as crescentes exigências da atividade sucroenergética, somente tecnologias 4.0 podem proporcionar alta performance às usinas. Mas é evidente que há um processo adequado para a transformação digital, e ele começa com uma percepção 4.0 da alta gestão das usinas.

Só gente 4.0 sabe integrar tecnologias 4.0 e formar gente 4.0!