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Geada atinge canaviais e deve prejudicar safra

As geadas da última semana em lavouras de cana-de-açúcar de São Paulo, maior produtor do País, aumentarão as perdas do ciclo atual, já prejudicado pela estiagem de 2010, e podem comprometer a próxima safra da cultura, de acordo com avaliação do setor.

As regiões mais atingidas foram o sudoeste e o oeste paulista, nas quais ocorrências de geadas no fim de junho deste ano também haviam afetado as plantações. No norte do Paraná e sul de Mato Grosso do Sul as geadas foram mais fracas.

De acordo com o presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Celso Torquato Junqueira Franco, todas as 70 companhias associadas à entidade – grande parte nas regiões atingidas pelas geadas – tiveram algum impacto com o fenô meno climático em junho e agora. “Haverá um impacto econômico, pois muitas usinas terão de mudar o cronograma de colheita e haverá um impacto na produção”, disse.

Ondas de frio. Ainda de acordo com o presidente da Udop, as ondas de frio intensas desde junho causaram, além das geadas, o florescimento de canaviais, o que suspende o desenvolvimento da planta e reduz a produtividade. “A soma desses fatores certamente atingirá a produção, o que já vem sendo observado no acompanhamento da safra, a qual deve ter seu fim antecipado, pois muita cana será colhida antes dos 12 meses previstos”, completou.

Em Sandovalina (SP), a unidade da Umoe Bioenergy relatou geada em várias áreas atingidas em junho. A cana-de-açúcar, recém colhida, tinha rebrotado e foi novamente prejudicada pela geada. “Talvez a usina seja a que mais sofreu”, disse Junqueira Franco.

Houve também relatos de novas geadas em áreas da usina Cocal, em Paraguaçu Paulista (SP). No sudoeste de São Paulo, ond e ficam as unidades, a temperatura beirou zero grau Celsius na madrugada do dia 4, de acordo com o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe). Conforme o agrônomo Luiz Carlos Corrêa Carvalho, sócio da consultoria Canaplan, uma avaliação final sobre o impacto das geadas na lavoura só deve sair em duas semanas, quando é possível avaliar a ação do frio nos toletes. Nas regiões atingidas pelas geadas de junho a produtividade da cana colhida posteriormente caiu até 20%.