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Gasolina vence álcool em Brasília

Abastecer o carro com derivado do petróleo ficou mais interessante depois do aumento de preços no subproduto da cana-de-açúcar. Governo federal tenta, amanhã, acordo para reverter reajustes

Correio Braziliense Online – 10/01/06

Com a disparada dos preços do álcool nas bombas, os donos de carros bicombustíveis devem fazer as contas com cuidado na hora de abastecer. De acordo com uma pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, encher o tanque com gasolina é mais vantajoso em, pelo menos, 15 estados e no Distrito Federal. No DF, entre 1º e 7 de janeiro, o preço médio da gasolina ficou em R$ 2,580 e do álcool em R$ 1,817. Em busca de um acordo para reverter a alta do derivado da cana-de-açúcar, governo e usineiros vão se reunir amanhã.

O levantamento do Cepea tomou por base dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) coletados na semana passada. Segundo os especialistas, por ser um combustível que rende menos, o álcool deve custar no máximo entre 60% e 70% do valor da gasolina para ser vantajoso ao motorista. A gasolina vence no Acre, Amapá, Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Sergipe, além do DF. Rodar com álcool é mais vantajoso em Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.

Os consumidores do Amapá, Pará e Rio Grande do Sul são os que mais perdem se optarem por abastecer com álcool. No Amapá, por exemplo, o combustível chega a custar 82% do preço da gasolina, o maior percentual entre os estados. No Pará, custa 81% do preço da gasolina e no Rio Grande do Sul, 80%.

Em São Paulo, os motoristas ganham se abastecer com álcool. No estado, que comercializa grande parte do álcool combustível — o que reduz custos com transporte —, o litro do álcool custa 61,5% do preço médio da gasolina, o que significa a opção mais vantajosa entre todos os Estados. Na última semana, segundo a ANP, o litro da gasolina era vendido em média a R$ 2,367, e o do álcool, a R$ 1,457. Dados da agência mostram que, de janeiro a dezembro do ano passado, o preço do álcool na bomba subiu 8,8%.

Encontro

Ontem, os ministros Silas Rondeau (Minas e Energia) e Roberto Rodrigues (Agricultura), estiveram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. Em nota oficial, o Ministério de Minas e Energia reforçou que o governo busca um acordo para a manutenção dos preços tendo como base os valores praticados na entressafra de 2003. “O governo confia na maturidade do setor e vê espaço para o entendimento”, informa o comunicado.

A União da Agroindústria Canavieira (Unica), chamada para a reunião de amanhã, acredita que os preços não deverão continuar subindo. O ministérios da Fazenda, Agricultura e Minas e Energia querem convencer o setor a baixar os preços.

Na semana passada, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Nelson Hubner, chegou a sugerir que os preços teriam de voltar para R$ 1 (valor da usina, sem impostos), mesmo patamar de 2003. A indústria nega que qualquer proposta neste sentido tenha sido formalizada. A saída mais provável é que o governo autorize a diminuição na mistura de álcool na gasolina dos atuais 25% para 20% e autorize a redução da alíquota da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, que hoje é de R$ 0,28 por litro.