Uma nova rodada de aumentos de preços administrados em outubro, com destaque para gasolina e energia elétrica, deve adicionar pressão sobre a inflação no mês, o que levará a prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) a se aproximar de 10% no acumulado em 12 meses, segundo economistas. De acordo com a média das estimativas de 17 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o IPCA-15 subiu 0,67% em outubro, após alta de 0,39% em setembro.
As projeções para a prévia da inflação oficial, a ser divulgada amanhã pelo IBGE, vão de aumento de 0,58% a 0,71%. No acumulado em 12 meses, o índice vai continuar a acelerar, estimam os economistas. Após alta de 9,57% até setembro, o IPCA-15 deve subir 9,78% nos 12 meses encerrados em outubro.
Fabio Romão, economista da LCA Consultores, estima alta de 0,68% do índice entre setembro e outubro e avalia que o grupo transportes deve explicar boa parte dessa aceleração. No mês passado, comenta, esse grupo subiu 0,78%, variação que deve acelerar para 1,29% nesta leitura. Além do reajuste de 6% da gasolina nas refinarias anunciado no fim de setembro, diz Romão, os preços do etanol também estão bastante pressionados.
“Grande parte da frota de veículos hoje é flex e os produtores de etanol estão aproveitando para recuperar margem. Além disso, a sazonalidade favorece aumentos”, comenta. Para o etanol, Romão estima alta de 6% no IPCA-15, avanço até maior do que o esperado para a gasolina, para o qual o economista projeta elevação de 2,5%.
Até o fim do mês, essas variações devem se acentuar, com a captura completa do reajuste anunciado pela Petrobras, diz. As passagens aéreas, afirma, devem ter alta mais branda do que os 23% registrados no mês anterior, mas vão continuar a subir em outubro.
Outro reajuste de itens monitorados, dessa vez da energia elétrica, terá peso sobre o grupo habitação, observa Romão. A conta de luz deve ficar 0,69% mais cara nesta leitura, após deflação de 0,37% em setembro. “Não são aumentos expressivos como vimos no início do ano, mas dado o peso da energia elétrica no índice, essa mudança é importante”, ressalta.
O Itaú calcula que a alta de preços administrados deve ser de 1,17% em outubro, diante dos reajustes de transportes e habitação. O IPCA-15 deve subir menos – 0,68% nas projeções do banco – por causa do comportamento dos preços livres, para o qual os economistas estimam avanço de 0,53%. Nesse caso, a principal fonte de pressão vem de alimentos e bebidas, que devem adicionar 0,13 ponto ao índice deste mês.
Romão, da LCA, nota que, dentro desse grupo, são vários os produtos com alta. “Arroz, feijão e frutas, por exemplo, que estavam em campo negativo, voltaram a subir. Carnes, aves e ovos devem ter aumentos maiores do que há um mês, assim como bebidas”, diz. Ele projeta alta de 0,41% para alimentos e bebidas este mês.
Fonte: (Valor)