Engenheiro Beltrão – Baseado em estudos de viabilidade econômica entre carros à álcool e os movidos à gasolina, um levantamento realizado pela Sabarálcool – Usina de Açúcar e Álcool, indica que, mesmo com a queda do preço da gasolina, proprietários de automóveis a álcool ainda levam vantagens no bolso. A análise, desenvolvida por Fábio Vicari Rezende, Assessor Econômico da empresa, revela que o combustível gasolina só apresentaria competitividade frente ao álcool quando o preço do litro despencasse para R$1,12, e o litro do álcool permanecesse a R$0,83. “Neste caso, os custos ainda seriam iguais”, explicou.
Estudioso no setor, Rezende garante que a pesquisa é confiável, principalmente, por levar em consideração diversos fatores, dentre os quais, preços dos automóveis, consumo de cada um na estrada e na cidade, taxas de IPVA, seguro obrigatório, até chegar ao preço de cada combustível praticado na bomba. Para isso, o estudo se baseou em dois modelos Wolkswagem Gol, um a álcool e outro a gasolina, que percorreram 25 mil quilômetros cada um.
Utilizando uma ferramenta financeira conhecida como “valor presente” – instrumento que traz aos dias de hoje os resultados desde o investimento inicial, custos e despesas que, passam a ser incorridos durante 12 meses a um determinada taxa de desconto (1,5% ao mês) até a venda do mesmo com depreciação de 20%, Rezende chegou a conclusão de que, mesmo com o preço da gasolina a R$1,36 – valor que deveria ser cobrado na bomba, e o álcool a R$0,83, ainda assim o consumidor que comprar o carro a álcool levará uma vantagem anual de R$417 sobre o carro a gasolina. Como o preço na bomba da gasolina está em média R$1,45, a economia do carro a álcool, neste caso, é ainda maior: R$585. De acordo com o estudo, hoje somente a economia anual com o combustível (desconsiderando a taxa de desconto) está em R$667,40 a favor do álcool.
FALTA DE INFORMAÇÃO – Para o pesquisador, o estudo não tem por finalidade realizar algum tipo de pressão no mercado, mas apenas provar que existe uma discriminação sobre o carro a álcool no Brasil. “Não entendo porque um modelo que pode levar vantagens ao consumidor e ao país é marginalizado pelas montadoras”, questiona ele. Rezende também rebate a afirmação das montadoras de que o país não oferece demanda para o carro a álcool. “Isso é conversa para boi dormir, uma mentira que sempre foi sustentada pelas montadoras, já que estas não querem ter duas linhas de montagem o que acarretaria no aumento de custos”. Ele recomenda que a população brasileira seja mais informada sobre as vantagens do combustível álcool sobre os modelos a gasolina. “É de extrema importância e urgência que o setor desenvolva um vínculo com o consumidor, não só através do marketing do produto, mas também do marketing social e ambiental, mostrando assim os benefícios do carro a álcool e consequentemente do setor sucroalcooleiro”.
Dados também indicam que o motor a álcool é 30% mais potente e a vida útil deste chega a ser cinco vezes maior que um motor movido a gasolina. Rezende explica que, pelo álcool ser considerado um combustível limpo, a saúde dos motores é visivelmente reconhecida. Não bastasse o lado técnico, economicamente o álcool já proporcionou, somente com o seu consumo doméstico no Brasil, uma redução de 200 mil barris por dia no consumo de gasolina equivalente, o que representa uma economia anual de divisas da ordem de US$2 bilhões (desconsiderando o serviço da dívida externa). “Desde a criação do Pró-Álcool, em 75, já foram economizados cerca de US$50 bilhões com a produção de álcool, isto desconsiderando o serviço da dívida externa”, afirma Rezende.
VERDADE – Rezende afirma que durante muito tempo a população brasileira assistiu calada às tramas que obstruíram o fortalecimento do álcool no país. No entanto, hoje, a realidade é outra. “A verdade sobre o carro a álcool até agora não foi revelada à população”, diz. Ele explica que o combustível foi criado a partir de uma necessidade de salvação do país e que não só é mais viável ao Brasil como proporciona vantagens sociais, ambientais e, mais recentemente, energéticas ao país. Dados indicam que, enquanto um automóvel a gasolina gera até sete empregos – já contabilizado a porcentagem com o álcool anidro, o modelo a álcool gera 32 empregos. Somente na última safra, o setor sucroalcooleiro ofereceu aproximadamente um milhão de vagas.
Enquanto o petróleo já conta seus dias para acabar, o álcool se mostra como um combustível bio-renovável, sem previsão de acabar um dia. “Com uma frota de 2,5 milhões de automóveis a álcool, o país deveria ter vergonha de sua política macroeconômica, uma vez que poderia verificar menos importação e consequentemente mais economia de divisas com o aumento da frota a álcool. Diante de todos estes dados fica a eterna pergunta: porque não apostar mais no carro a álcool”, questiona Rezende.
Fábio Vicari Rezende é Assessor Econômico da Sabarálcool – Usina de Açúcar e Álcool, localizada em Engenheiro Beltrão, região Centro Oeste do Paraná. Contatos: 0xx44-525-1010 ou [email protected].