Os ministérios das Cidades e de Minas e Energia vão assinar um convênio, no dia 1 dezembro, com a Petrobras, para mudar a matriz energética dos transportes públicos. A informação foi dada pelo secretário-executivo de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, José Carlos Xavier, durante o evento Cidade Brasil, promovido pela Frente Nacional de Prefeitos. Segundo Xavier, a mudança pode reduzir o preço das tarifas dos transportes. “Estamos construindo uma política de mudar o diesel como combustível principal por gás natural, que hoje temos em abundância no País.
O gás pode vir a ser mais barato e promover o barateamento das tarifas, além de ser ambientalmente mais correto e diminuir nossa dependência em relação ao petróleo”, afirmou.
O prefeito de Aracaju (SE), Marcelo Deda, elogiou o esforço do governo para mudar a matriz energética. Mas lembrou que é importante discutir a redução do preço do diesel para ter um efeito em curto prazo nas tarifas. “O diesel é um dos principais pressionadores da planilha de custos e temos buscado avançar no debate que permita não apenas a substituição desse combustível. Seria importante que tivéssemos uma discussão, no sentido de reduzir o valor do óleo diesel para o transporte coletivo para forçar o rebaixamento que alcançaria algo em torno de 10% nas tarifas do transporte coletivo municipal do Brasil”, ressaltou.
O evento, que se realiza no Hotel Grand Bittar, em Brasília, reúne prefeitos recém eleitos para conhecerem o municipalismo atual. Estão sendo discutidos temas como transporte público, reforma tributária, segurança pública, lei de responsabilidade fiscal, entre outros.
Biodiesel possibilitará ao País reduzir importações de petróleo
Apesar de ser um grande produtor de petróleo, o Brasil tem de importar quotas complementares de óleo diesel para o transporte. A adição de biodiesel ao óleo diesel consumido no País colaborará para reverter essa dependência, afirma o coordenador da Campanha de Energia do Greenpeace, Sérgio Dialetachi. “A adição de 2% de óleos vegetais no diesel de petróleo para fazer o biodiesel vai tornar o Brasil menos dependente de petróleo vindo de fora ou da importação de diesel para abastecer nossos caminhões. Já produzimos uma quantidade suficiente de gasolina, nafta [matéria-prima para a produção de resinas plásticas] e querosene, mas o diesel ainda tem que ser trazido de fora pelo volume que necessitamos no País”, diz. Dados de 2002 do Ministério de Minas e Energia indicam que mais da metade (52,4%) do consumo de combustível em transportes do País é de óleo diesel, contra 25,6% de gasolina e 11,9% de álcool. Como conseqüência, o Brasil precisa importar 15% do óleo diesel que consome. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o País importa mais de 6 bilhões de litros de diesel, gastando mais de US$ 1,2 bilhão por ano. A adição de 2% de biodiesel no óleo diesel consumido no País trará uma economia anual de 800 milhões de litros. Para Ciro Eduardo Corrêa, do setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do MST, o biodiesel é importante e estratégico para o País. “No momento em que se discute o fim do uso do petróleo, que hoje é o principal combustível usado no mundo inteiro e gera uma série de guerras pela sua disputa, discutir uma matriz energética alternativa”, afirma.