O Gás de xisto vem se tornando uma fonte cada vez mais importante de gás natural nos Estados Unidos desde o início deste século, além de possuir grandes potenciais no resto do mundo.
A indústria petroquímica norte-americana desponta fortemente graças ao auge do gás de xisto. Após anos de queda, sacudindo o mercado em todo o mundo e gerando preocupação na Ásia e na Europa, o mercado de gás natural vive uma revolução, proporcionada pela viabilização técnica e econômica da extração de gás não convencional, provocando aumento da oferta e, consequentemente, redução de preço no mercado americano.
O caso do gás de xisto nos Estados Unidos é notável, pois sua produção era insignificante até 2005. Hoje é responsável por 23% da produção americana de gás natural e nos próximos 20 anos deve alcançar 50% do total, explorando as reservas tecnicamente recuperáveis de 93 bilhões de barris equivalentes do petróleo do país.
A pujança desse segmento também deve se espalhar para outros mercados, dentre eles, o brasileiro.
Especialistas dividem opiniões sobre como o “shale gas” pode interferir no mercado de etanol.
De acordo com o secretário de Acompanhamento Econômico Adjunto do Ministério da Fazenda, Rutelly Marques da Silva, a descoberta do gás de xisto, pode mudar o papel do etanol na matriz energética brasileira. “A viabilidade destas reservas podem colocar o GNV — Gás Natural Veicular, como um concorrente ainda mais agressivo, do que a gasolina, para o etanol”, afirmou Rutelly.
Vasco Dias, CEO da Raízen, discorda da afirmação. Para ele o GNV irá enfraquecer a competitividade de combustíveis fósseis, sobretudo, a da gasolina.
Mas a opinião mas contundente é a de Adriano Pires, diretor da CBIE – Centro Brasileiro de Infraestrutura. Ele aponta para o exemplo da revolução causada pelo mercado de gás de xisto, como modelo a ser seguido pelo mercado de etanol brasileiro. “Há três anos nós não estaríamos falando da revolução do “shale gas” nos Estados Unidos, que é algo fantástico. Ninguém falaria que em tão pouco tempo 30% da energia americana viria do gás de xisto. O mercado de etanol brasileiro deve aprender com este exemplo”.
Pires destaca que os americanos avançaram pois as intenções do governo americano em relação ao gás de xisto são claras. “Aqui ninguém sabe nada. Aliás, desde 2008, é claro o apoio do governo à gasolina em detrimento ao etanol. Precisamos saber se vai continuar assim”, desabafou. Pires acredita que o etanol tem tamanho potencial para o Brasil, quanto o gás de xisto para os Estados Unidos, sendo assim, governo e setor devem ler a cartilha do mercado de gás de xisto e aprender com ela.