A Cerp (Central Energética de Ribeirão Preto) inicia a safra 2009/10 nesta segunda-feira (17) com planos iniciais de moer 1 milhão de toneladas de cana-de-açúcar para produção de 1,5 milhão de sacas (50 kg) de açúcar e 55 milhões de litros de etanol. Única usina de Ribeirão Preto, a antiga Galo Bravo está sob o comando do empresário paulista Ricardo Mansur, que participou da missa de início de safra neste domingo, no barracão da unidade.
De acordo com o novo diretor superintendente da Cerp, Gilberto Raphael Mascioli Junior, por conta do atraso no início das operações, a usina vai esticar a safra até janeiro de 2010, podendo alcançar a moagem de 1,2 milhão de toneladas. “Vamos produzir um açúcar branco de alta qualidade. Temos equipamentos e conhecimento para isso”, disse Mascioli, que possui mais de 30 anos de experiência no setor sucroenergético.
A Cerp também produzirá bioenergia e levedura. Segundo Mascioli, os cálculos de geração de energia a partir da biomassa da cana ainda não estão definidos, assim como o volume de produção da levedura. O açúcar e o etanol fabricados vão abastecer o mercado interno. “Vamos produzir 20 milhões de litros de álcool anidro e 35 milhões do hidratado, ambos com alta qualidade”, afirmou o superintendente.
A usina conta com seis ternos de moenda e um difusor, equipamentos que foram mantidos pelos próprios colaboradores da empresa durante o longo período de entressafra. A Cerp conta com 300 empregados, na indústria e no setor administrativo. Segundo Mascioli, todos os postos serão mantidos. Para esta safra foram contratados 600 trabalhadores rurais, que vão operar em cerca de 11 mil hectares. Metade da cana será colhida manualmente. A produtividade média é de 90 toneladas por hectare.
A missa de início de safra reuniu cerca de 450 pessoas, entre funcionários e convidados, no barracão da usina. Na oportunidade, o empresário Ademar Balbo, antigo proprietário da Galo Bravo, foi homenageado. Após uma breve olhada para as caldeiras da usina, Ricardo Mansur, de joelhos, fez uma oração. O ex-dono das redes de lojas Mappin e Mesbla e do banco Crefisul, evitou os jornalistas.
Recuperação
A Cerp possui dívidas estimadas em 250 milhões, segundo fontes do setor. No entanto, esse valor não foi confirmado pelo diretor superintendente da usina, Gilberto Mascioli. “Vamos trabalhar para sanear as dívidas da empresa e temos certeza de que essa fase vai passar. É um mercado muito promissor”. O executivo, que tomou posse no dia 4 de agosto, disse que já está em contato com os credores.
Mascioli também afirmou que as dívidas serão pagas com a receita oriunda da produção de etanol, açúcar e bioenergia e que o capital gerado por esta safra não está comprometido judicialmente. Confiante, mas sem citar números, o executivo disse que já há planos para incremento de produção, a partir de 2010. “A Galo Bravo vai crescer e se tornar referência para o setor”, disse. Cerp voltará a se chamar Galo Bravo “inevitavelmente”.
De acordo com o diretor financeiro da Cerp, José Luiz Marques, a partir deste mês a usina pagará os colaboradores em dia e acertará os três meses de salários atrasados. “É uma questão de honra. Vamos acertar todos os salários atrasados em três parcelas. Isso é prioridade zero”, disse. A folha de pagamento da usina, considerando os 300 colaboradores fixos, se aproxima dos R$ 700 mil.