O Brasil e as economias ricas vão anunciar acordos para desenvolver o etanol em países mais pobres, principalmente na África e no Caribe. Os entendimentos serão divulgados na reunião de Cúpula do G-8 na próxima semana, em São Petersburgo, na Rússia. O grupo das oito maiores economias do mundo convidou o presidente Lula e outros presidentes de países emergentes para o evento.
A idéia de usar o etanol surgiu há seis meses, quando o Reino Unido presidia o G-8. Na época, o primeiro-ministro Tony Blair propôs que o combustível fosse usado, em cooperação com o Brasil, para desenvolver a tecnologia também na África.
Agora, será a vez de outros países do G-8 estabelecerem entendimentos com o Brasil para acordos em países mais pobres.
Ao levar a tecnologia a esses locais, os governos ricos esperam lutar contra a pobreza, criar empregos e reduzir a dependência energética das regiões. O G-8 tirou o Brasil para dançar. Temos de seguir este caminho, afirmou Luis Carlos Correa de Carvalho, que trabalha no setor açucareiro no Ministério da Agricultura.
Para o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, um dos maiores promotores do etanol, quanto maior o número de países que possam produzi-lo, maior a probabilidade de criação de mercado para o combustível. Ontem, ele participou de debate com executivos de empresas automotivas e especialistas em Berlim. Estamos criando um novo paradigma, que é a agroenergia. Além de envolver os governos, o tema do biocombustível ganha força no setor privado. Segundo o presidente da Volkswagen no Brasil, Hans Maergner, 75% da frota brasileiro de carros são flexfuel. Para ele, a tecnologia tem grandes chances de se tornar popular em outras regiões do mundo. Executivos da Ford européia acreditam que a mudança de um padrão exclusivamente baseado no petróleo para um modelo flexível exigirá incentivos fiscais nos preços dos carros, da gasolina e dos seguros. Hoje, em Berlim, brasileiros e alemães ainda podem fechar um entendimento preliminar para o desenvolvimento conjunto do mercado de biocombustível.
Para Furlan, investimento em agronegócio vai cair
O governo já prevê uma que-???da dos investimentos externos no setor agrícola para 2006. A avaliação é do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que espera que outros setores, como de construção civil, tenham pelo menos algum aumento no volume de investimentos.
A previsão inicial do governo era de receber cerca de US$ 15 bilhões em investimentos vindos do exterior. Mas Furlan, que está em Berlim para reuniões com empresários alemães, reconhece que o governo está no momento recalculando essas previsões. Estamos revendo os números, afirmou.
Para Furlan, a queda de investimentos no agronegócio ocorre pelo menos por três fatores. Um deles seria a situação da safra, que não é favorável já há dois anos. O outro fator é a valorização do câmbio e, por fim, os preços em queda das commodities agrícolas. O ministro, porém, minimiza os efeitos das eleições na decisão dos empresários de investir no País. Mas para a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), não há como dissociar a eleição e as escolhas de investimentos. A queda dos investimentos se dá por causa do período eleitoral, pelo fraco crescimento da economia, que levanta algumas dúvidas sobre o caminho da economia e pelas faltas de reformas. A tendência, portanto, é que empresas segurem os investimentos, afirmou Osvaldo Douat, diretor da CNI.