O Brasil em geral, e a região Centro-Sul em particular, têm motivos para celebrar o desempenho do álcool combustível no mercado externo.
Em todo o ano de 2003, o país comercializou 1 bilhão de litros do derivado da cana-de-açúcar para outros países. Neste ano, esse mesmo volume já tinha sido vendido lá fora até agosto último. “E temos alguns meses de vendas pela frente porque o ano-safra termina somente em abril de 2005”, disse Luis Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Câmara Setorial do setor Sucroalcooleiro, criada pelo governo federal.
O balanço sobre exportações, apresentado ontem por Carvalho, em Ribeirão Preto, durante evento de encerramento do Programa Educacional “Agronegócio na Escola”, da ABAG-RP (Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão), gera otimismo para a região de RP que, inserida no Centro-Sul, ajuda a produzir praticamente 70% do álcool feito no país.
O cenário positivo de importação do derivado da cana, conforme o presidente da Câmara Setorial, continuará em 2005 e nos próximos anos. “A Índia, que importou 400 milhões de litros neste ano, repetirá a compra do mesmo volume em 2005”, disse. Há mercados em vias de serem abertos, caso da Alemanha (“será nossa porta de entrada na Europa”), e o Japão, em que outra etapa das negociações foi a recente visita do primeiro ministro do país.
Em abril próximo, será a vez do presidente Luís Inácio Lula da Silva e comitiva irem para o Japão. Ascensão – O mercado interno também se mostra crescente para o álcool combustível. Conforme Carvalho, o biodiesel (mistura de óleo vegetal com álcool) – a ser adicionado inicialmente na proporção de 2% ao óleo diesel – é uma dessas apostas.
“A grande vantagem é a de que serão gerados empregos porque serão necessárias culturas de oleaginosas para a produção do óleo vegetal”, comentou. “Ao contrário do diesel, geralmente produzido próximo ao litoral, onde ficam as bacias, o óleo vegetal e a cana-de-açúcar podem ser cultivados em todo o território nacional”.
O consumo interno do álcool combustível também avança, seja no caso do álcool hidratado (“que custa em média 56% do preço do litro da gasolina”), seja no formato flexível (veículos que aceitam gasolina ou álcool). Conforme o executivo, em maio de 2003 o consumo nacional na região Centro-Sul era de 840 milhões de litros do derivado da cana-de-açúcar. Em setembro último, a aquisição do combustível chegou a 1,3 bilhão de litros
Compatibilidade – Segundo Carvalho, embora o mercado para o álcool esteja otimista, será preciso com que o país consiga um equilíbrio entre a chamada agricultura de alimentos (o açúcar, por exemplo) e a agricultura de energia (o álcool). “Temos de obter um crescimento de área plantada e não se pode complicar o meio de campo com ideologias”, observou, ontem à tarde, para um público de mais de 200 pessoas no Centro de Convenções de Ribeirão Preto.
A sua crítica diz respeito a quem condena os plantios em larga escala.Segundo Carvalho, até mesmo em regiões do estado de São Paulo ainda é possível crescer o plantio de cana. “Cerca de 65% da área próxima de Andradina, Barretos a Jaboticabal ainda são tomadas por pastagens”, exemplificou.