A principal responsabilidade sobre a expansão do consumo de etanol nos Estados Unidos cabe ao presidente americano, George W. Bush, segundo análise feita na tarde desta terça-feira pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.
Para Furlan, governo Bush lançou um programa “muito agressivo” de energia renovável e o Brasil se coloca, neste momento, somente como um cooperador para a aceleração desse projeto norte-americano.
O comentário foi feito após o ministro descartar o risco de fracasso no encontro entre Bush e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima sexta-feira, em São Paulo, por conta da manutenção das tarifas de importação do etanol brasileiro por aquele país.
“Certamente a manutenção das tarifas não inviabiliza (o sucesso do encontro dos dois presidentes). Essa tarifa extra de exportação tinha data para terminar e foi prorrogada por mais dois anos, como uma forma de protecionismo dado para a indústria local realizar os investimentos necessários”, declarou Furlan, após participar da XII Reunião do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão, no Hotel Renaissance, em São Paulo.
“No momento em que a estrutura produtiva nos Estados Unidos tem um volume de produção de etanol maior do que a do Brasil, não faz sentido manter esse protecionismo além do prazo que já foi conveniado”, acrescentou o ministro, referindo-se à continuidade da taxação até 2010.
De acordo com Furlan, o governo brasileiro aguarda pela adoção nos EUA de um regime de transição que garanta o crescimento do ingresso do combustível naquele mercado sem incorrer em sobressaltos, até atingir a plena liberalização. Essa solução viria pela implementação de um sistema de cotas de importação do etanol brasileiro, durante um determinado período de transição.
Também há interesse do País, segundo o ministro, da expansão global de fabricação do etanol, com a qual o Brasil pode se inserir como um dos principais fornecedores de equipamentos para a produção do combustível.
Se confirmada essa expectativa brasileira, Furlan assegurou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está preparado para fornecer linhas de crédito para os exportadores, ao mesmo tempo em que trabalhará em parceria com outros bancos regionais de fomento, caso do Japan Bank for International Cooperation (JBIC) e a Cooperação Andina de Fomento.
Abandono do cargo
O ministro Furlan usou de ironia para se esquivar das perguntas sobre sua saída do cargo, diante da proximidade da realização da reforma ministerial a ser anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao ser indagado se deixaria o cargo, Furlan respondeu que “sim”, mas, diante dos pedidos de detalhamento sobre quando entregaria o ministério, tripudiou: “Saio quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidir. Sempre foi assim”. Com um sorriso, não quis aprofundar comentários sobre a saída.