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França quer investir em carros bicombustíveis

A França vai copiar o modelo brasileiro e investir nos carros flex fuel, que podem usar tanto gasolina quanto álcool. Em entrevista à rede de televisão France 3, o ministro da Economia, Thierry Breton, disse que anunciará nos próximos dias um plano para instalar bombas de etanol nos postos de gasolina do país. O ministro não quis entrar nos detalhes, dizendo apenas que terá “boas surpresas” aos franceses.

O anúncio deverá ser feito amanhã, numa reunião do Conselho de Ministros. Alain Prost, quatro vezes campeão de Fórmula 1, foi encarregado pelo governo de preparar um relatório sobre o assunto. O anúncio vai representar o início de um processo que poderá beneficiar o Brasil — o maior produtor de etanol do mundo. Hoje, apesar do incentivo fiscal na França pelo uso de fontes energéticas menos poluentes — isenção parcial da taxa pelo consumo de produtos petrolíferos, por exemplo —, o etanol e o diesel (bem mais utilizado) representam apenas 1,2% do consumo de carburantes no país.

Desde o ano passado, o governo anuncia que quer aumentar esse percentual para 5,75% em 2008 e para 7% em 2010. Hoje, na França, não há carros adaptados para o etanol, tipo flex fuel, como no Brasil. E havia a resistência dos fabricantes. O presidente da Peugeot Citroën, Jean-Martin Folz, havia declarado em maio que a introdução massiva na França de carros com tecnologia para funcionar com 85% de etanol era “estúpida”. Mas, agora, a fabricante se prepara para lançar modelos flex fuel no mercado.

Empresário: biocombustíveis são solução para OMC

A Renault já havia anunciado que 50% de seus carros na Europa em 2009 vão funcionar com E-85 — isto é, podendo usar até 85% de etanol. E, este ano, pela primeira vez, a fabricante apresentou o modelo Clio Hi-Flex.

Alguns grupos, como a Tereos — número dois em produção de açúcar na Europa — já se preparam. A Tereos está investindo na produção de cana-de-açúcar no Brasil. Na França, o grupo anunciou uma reorientação: a produção atual, de 80% de açúcar e 15% de álcool, vai passar para 65% e 35%, respectivamente.

Ted Turner, fundador da Cable News Network Inc. e ex-vice-presidente da AOL Time Warner Inc., considera que os biocombustíveis são a solução para reativar as conversações de comércio mundial, reduzir a pobreza e combater o aquecimento global. Se investissem em combustíveis alternativos, como o etanol ou o biodiesel, os países pobres gastariam menos em energia, as nações ricas dependeriam menos do petróleo e o mundo consumiria menos combustíveis fósseis, que contribuem para o aquecimento global, disse Turner.

Segundo o empresário, os negociadores da Organização Mundial de Comércio (OMC) terão nos biocombustíveis um incentivo para reavivar as conversações, que fracassaram por diferenças sobre subsídios e tarifas de importação.