Os fornecedores de cana-de-açúcar de Pernambuco estão tentando negociar com 10 usinas das Matas Norte e Sul do Estado para receber uma dívida que está em torno de R$ 16 milhões. O presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco, Gerson Carneiro Leão, diz que a dívida corresponde a 400 mil toneladas de cana.
Segundo ele, o débito começou em setembro do ano passado. “A dívida está dividida entre cinco e seis mil fornecedores de Pernambuco. Estamos montando comissões com membros da categoria para negociar diretamente com as usinas”, explica.
O presidente da Associação dos Fornecedores de Cana, Alexandre Andrade, afirma que as usinas estão priorizando outros pagamentos e adiando o débito com os fornecedores. “Têm usinas que estão em dificuldades financeiras. Outras estão pegando carona na crise para não pagar as dívidas. Deve haver uma parceria maior entre os fornecedores e as usinas. Nós não podemos vender a cana para mais ninguém”, afirma.
O motivo da falta de pagamento, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar), Renato Cunha, é a falta de liquidez no mercado, que está prejudicando as contas das usinas. Ele diz que as usinas do Nordeste têm um perfil exportador e que os clientes internacionais estão pagando a mercadoria já embarcada com atraso de 15 a 20 dias. “Na próxima quinta-feira, membros dos sindicatos que representam os usineiros de Alagoas e Pernambuco vão se reunir com técnicos da Casa Civil, em Brasília, para que o governo possa estimular o mercado de câmbio”, explica.
Renato Cunha diz que apenas poucas pendências ainda não foram resolvidas com os fornecedores. “Quase tudo já foi pago. Faltam apenas alguns acertos”, garante. Na última safra do setor sucroalcooleiro de Pernambuco, que durou entre setembro do ano passado e o março deste ano, foram moídas 19,1 milhões de toneladas de cana, o que gerou a produção de 1,5 milhão de toneladas de açúcar e 540 milhões de litros de álcool.