A fim de criar as condições para transformar os biocombustíveis em commodities, a força-tarefa integrada por técnicos de Brasil, União Européia e Estados Unidos concluiu a primeira etapa da missão de harmonizar as especificações técnicas do etanol e do biodiesel produzidos em cada região.
O grupo já identificou as divergências e as convergências entre as normas fixadas por cada parte. Neste ano, trabalhará para alinhar os diferentes padrões e avaliar os custos para que o mercado chegue a um único padrão. A meta é concluir essas ações até o fim do ano, para que a análise das implicações para o comércio comece antes de dezembro e continue no ano que vem.
– Para nós, produtores, é fundamental haver regras. Isso é muito importante, dará estabilidade. Assim, o comércio pode ter menos problemas – destacou o presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), José Carlos Toledo.
A conclusão do estudo é que não há especificações técnicas que representem um impedimento à livre circulação do etanol no mercado internacional. A discussão nos próximos meses será o volume permitido de mistura de água no etanol. Segundo o relatório, o limite mínimo de mistura permitido pela UE é 0,24%. Os EUA não deixam ultrapassar 1%, enquanto o Brasil permite um máximo de 0,4%.
Autoridades e empresários brasileiros estão de olho nos trabalhos do grupo para evitar que um padrão dos países desenvolvidos seja imposto e barreiras comerciais sejam criadas.
– Independentemente do teor de água, o Brasil vai ser supercompetitivo. O país só precisa saber o que eles querem – comentou o analista Miguel Biegai Júnior, da Safras e Mercado.
Das 15 especificações examinadas, oito são compatíveis nos três mercados, como aparência, densidade e conteúdo de sulfato, enxofre, cobre, aço e sódio. Seis são diferentes, mas podem ser alinhadas no curto prazo: acidez, conteúdo de fósforo e resíduos de evaporação.
A transformação do biodiesel em uma commodity dependerá de uma uniformização dos motores existentes nos diferentes países. Por usar diversas matérias-primas, há diferenças entre as propriedades químicas do biodiesel produzidas em cada região. A força-tarefa sugeriu que sejam misturados vários tipos de biodiesel para chegar a um padrão de qualidade universal.
Das 24 normas técnicas analisadas do combustível, só seis são iguais no Brasil, no bloco europeu e nos EUA. Oito podem ser adequadas em breve: volume de fósforo e água ou resíduos de carbono. Outras 10 apresentam divergências de difícil solução, como o conteúdo de enxofre, a operabilidade do combustível em clima frio e a densidade. A próxima reunião do Fórum Internacional de Biocombustíveis será em 3 de março, na Embaixada do Brasil em Washington.