O bagaço da cana-de-açúcar e a força dos ventos são fontes de energia alternativa que poderão ser usadas nos próximos dez anos. A informação é do Plano Decenal de Expansão Energética (PDE) 2008-2017, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
Nessa proposta, o plano prevê o desenvolvimento e a contratação de novas formas de energia para o País e a construção de 82 usinas termelétricas e 71 hidrelétricas. O documento está disponível para consulta pública no site www.epe.gov.br até o dia 30 deste mês.
Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, em entrevista à Rádio Nacional, o Brasil tem grande potencial de energia, mas usa apenas um terço da capacidade. Para melhor aproveitamento seria necessário explorar formas alternativas. Ele destaca a bioeletricidade e a energia eólica (produzida por ventos) como áreas promissoras.
A bioeletricidade é a produção de energia a partir da biomassa sobretudo do bagaço da cana-de-açúcar. Tolmasquim destaca que essa fonte vai ter papel crescente com a extração do etanol. O presidente da EPE alerta, entretanto, que a colheita da cana dura sete meses, por isso é uma fonte de energia complementar.
Sobre a exploração eólica, Tolmasquim afirma que o Brasil também tem grande potencial e que o governo quer investir nessa área. “Estamos nos organizando para contratar energia eólica, a partir deste ano”, afirma. O empecilho, segundo ele, é o custo.
Os ventos não sopram o tempo todo. No Brasil, os bons sítios ventam cerca de 40% do tempo. A empresa investe em um equipamento que gera energia em apenas parte do tempo, portanto a energia acaba saindo cara.
Produção
Apesar de muitas usinas de açúcar e álcool conseguirem rolar as dívidas, com acesso a crédito de curto prazo dos bancos, o cenário é de apreensão em relação à crise mundial e o setor adia investimentos. Mesmo com perspectiva de preços melhores do açúcar no mercado internacional na safra 2009/2010, o setor continua com o freio puxado quando o assunto é expansão.
De uma expectativa inicial de entrada em operação de 43 usinas na safra 2009/2010, apenas 22 deverão efetivamente acionar as caldeiras, de acordo com estimativa de Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro.
Segundo Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o dinheiro negociado entre usinas e bancos está sendo usado como capital de giro, para tapar os buracos existentes, resultado não apenas da crise de crédito mundial, mas de dois anos de preços baixos. “Novos investimentos, apenas com a entrada de dinheiro novo, e isso está raro no momento”, diz.