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Flórida está interessada em álcool brasileiro

A convite do governador da Flórida, Jeb Bush, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, viajou ontem para os Estados Unidos. Bush está interessado no programa de substituição de energia brasileiro, que começa a deslanchar em ritmo acelerado.

Com uma proposta de mistura de 15% de etanol na gasolina até 2015 em todo o território norte-americano, o governador da Flórida quer saber a real potencialidade que o Brasil tem de fornecer esse combustível renovável.

O interesse dos Estados Unidos no programa brasileiro de substituição de gasolina é antigo, principalmente depois da alta do petróleo e do perigo da dependência norte-americana nesse setor.

George W. Bush, presidente dos EUA e irmão do governador da Flórida, também esteve bastante interessado no programa brasileiro quando visitou o país. Por 30 minutos, ouviu na Granja do Torto relato pormenorizado de Rodrigues de como o Brasil está substituindo gasolina por álcool. O interesse do governador da Flórida no potencial brasileiro é grande porque a intenção dos Estados Unidos é desenvolver um programa de substituição de gasolina para todas as Américas.

Se concretizado, esse plano envolveria números elevados. Só nos Estados Unidos, a substituição pode gerar uma demanda de 80 bilhões de litros de etanol. Um programa para todas as Américas teria uma necessidade próxima de 150 bilhões de litros.

Diante desses volumes, os norte-americanos querem ter uma garantia de fornecimento. Rodrigues deve mostrar aos norte-americanos a capacidade de expansão da área de produção brasileira, além de destacar as vantagens econômicas e ambientais do álcool em relação ao petróleo.

Com uma utilização de 6,5 milhões de hectares para a produção de cana-de-açúcar, o Brasil pode chegar a 20 milhões de hectares sem avançar sobre áreas onde há plantio de grãos ou sobre a Amazônia ou o Pantanal, uma preocupação constante de europeus e norte-americanos.

A indústria brasileira já tem programadas, entre ampliações e novas usinas, 89 unidades, que vão exigir uma área total de 9 milhões de hectares de plantio cana-de-açúcar –2,5 milhões a mais do que a área hoje cultivada com a planta.

A capacidade instalada atual de produção brasileira é de 19 bilhões de litros, mas o país produz 15,5 bilhões. Com as novas usinas, a capacidade brasileira sobe para 30 bilhões de litros, um volume que também deverá ser atingido pelos norte-americanos nos próximos anos.

Enquanto a produção brasileira de álcool provém da cana-de-açúcar, a dos norte-americanos tem o milho como base de produção.

Após a viagem à Flórida, Rodrigues segue para o Canadá, onde deverá participar de fóruns agrícolas em duas cidades.