O fim do acordo entre usineiros e governo já começa a ter efeitos na inflação. O álcool, que vinha perdendo pressão sobre a inflação, conforme dados divulgados na semana passada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), voltou a subir.
É o que mostra o levantamento de preços na terceira quadrissemana deste mês. A alta dos combustíveis será, também, um dos fatores que vão impedir a ocorrência de deflação neste mês, prevista pela Fipe, segundo Paulo Picchetti, coordenador do IPC.
A instituição divulgou ontem que o álcool teve reajuste médio de 3% no acumulado das últimas quatro semanas em relação às quatro anteriores. Já o índice ponta a ponta, que mostra o desempenho apenas da terceira semana deste mês em relação ao mesmo período de janeiro, indica alta de 1,4%. Na semana anterior, a alta do álcool havia sido de 0,4%.
A pressão do álcool não foi suficiente, ainda, para reverter a tendência geral de queda de preços que vem ocorrendo. Os 520 itens pesquisados pela Fipe tiveram redução média de 0,08% na terceira quadrissemana deste mês.
Para Picchetti, a deflação em São Paulo pode acabar já na próxima semana e os dados finais do mês devem indicar taxa próxima de zero. Além da participação do álcool nessa mudança de tendência, a Fipe aponta outro item, este de maior peso: os alimentos.
Os dados da terceira semana deste mês em relação ao mesmo período de janeiro já indicam deflação de apenas 0,1%, metade da registrada na segunda semana.
Os produtos “in natura” são os que mais pesam. Saíram de alta de 0,8% na semana passada para 2,1% nesta. Frutas e verduras são os destaques desse aumento.
Alta nas usinas
Pela primeira vez os preços do álcool hidratado superaram os do anidro. Pesquisa de ontem do Cepea informou que o litro do hidratado, sem impostos, foi a R$ 1,153 na porta das usinas, como antecipou a Folha, com alta de 7,5% na semana. Já o anidro, com aumento de 7%, subiu para R$ 1,149.