O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso voltou hoje a criticar o governo federal e fez um alerta quanto aos riscos oriundos do aumento da produção de etanol no Brasil. O ex-presidente classificou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como “um novo Fome Zero” e voltou a atacar a quantidade de ministérios que compõem o governo Lula.
Quanto à questão do etanol, FHC alertou para o risco que o aumento agressivo da produção de cana-de-açúcar pode trazer para o meio ambiente. “Precisamos confrontar uma outra questão: qual é o zoneamento? O etanol pode efetivamente ter efeitos negativos se houver uma ocupação de terra inapropriada”, alertou o ex-presidente, pedindo uma aceleração no desenho das políticas e regras específicas para esse tema. “Quem sabe não fosse bom a criação de uma agência de energias diretamente ocupada dessa matéria”, sugeriu.
Para FHC, ainda é fundamental o desenvolvimento de uma ação focada na redução acelerada da queima de madeira do território brasileiro, uma forte causa da emissão de CO2 no Brasil. “Temos que ter uma ação muito enérgica parta reduzir drasticamente a queima da madeira. E preciso mudar a concepção do Protocolo de Kyoto que é a de dar subsídios para a criação de novas florestas. É preciso também dar subsídios para a manutenção das florestas”, afirmou o ex-presidente, lembrando que 17% da Amazônia já foi destruída.
Para ele, o governo tem perdido muitas oportunidades principalmente quando observadas as taxas de crescimento em outros países semelhantes ao Brasil. De acordo com Fernando Henrique Cardoso, o País também patina por conta da demora do presidente Lula em montar sua equipe ministerial para o segundo mandato. “Acho estranho ter 36, 37 ministérios. Fica difícil fazer a máquina funcionar. Eu tinha, no final, 22 ministérios e já achava muito”, disse FHC. “Cada um sabe o tempo que dispõe. Ele deve pensar que o dele é infinito”.