A perspectiva de demanda maior por açúcar no mercado externo, por conta da demanda indiana, poderá alterar o volume de cana destinado à produção de açúcar e álcool da safra brasileira em 2009/10. A avaliação é do analista do mercado de etanol da consultoria AgraFNP, Bruno Boszczowski.
A perspectiva de que a Índia volte a importar açúcar, por conta da quebra de safra, puxa os preços do açúcar no mercado internacional. O governo indiano estuda permitir a importação de demerara sem tarifa a partir deste ano, sem a contrapartida da exportação de volumes equivalentes de refinado, na tentativa de evitar a escassez de açúcar no mercado interno. “Com esta perspectiva, é provável que a participação do etanol no mix da safra de cana recue para 56% a 57%”, afirma Boszczowski.
Na safra 2008/09, 60% da cana do Centro-Sul foi destina à produção de etanol. Apesar desta redução, a disponibilidade de etanol no Brasil não será afetada, porque o mercado conta com um bom volume de estoques. O analista lembra que a safra da cana foi estendida para além de dezembro, quando tradicionalmente começa a entressafra, e que cerca de 30 usinas ainda estão em funcionamento.
Apesar da perspectiva melhor para o açúcar, o setor sucroalcooleiro ainda enfrenta os efeitos da crise. “O cenário que já era ruim, por conta dos preços baixos para o setor foi agravado com a crise”, afirma o analista. Diante disso, a AgraFNP estima redução nos investimentos no setor. Na avaliação dos analistas da consultoria, porém, é preciso estar atento ao governo norte-americano.
O presidente Barack Obama é favorável aos combustíveis renováveis, como o etanol. E os investimentos neste segmento devem ser mantidos no país. “São quase 400 usinas que produzem etanol nos Estados Unidos. Isto representa quase 100 milhões de toneladas de milho. Não se acaba com uma produção desta”, lembra a gerente de Agroenergia da AgraFNP, Jacqueline Bierhals.