A área cultivada com soja no Brasil deve ter uma queda de 5 por cento na safra 2005/06, para algo em torno de 22 milhões de hectares, estimou a Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja). A entidade atribuiu a redução a problemas de financiamento, à queda do dólar —que reduz os ganhos em reais dos produtores— e à perda de espaço para a cana-de-açúcar.
“A área na próxima safra vai ter uma queda de 5 por cento, pela expansão da cana-de-açúcar em lavouras de soja em São Paulo e Minas Gerais. Além disso, muitos arrendatários de terras não vão dar conta de plantar por falta de financiamento”, declarou Gustavo Gonçalves, presidente da Aprosoja.
Em 2004/05, segundo o Ministério da Agricultura, a soja foi semeada em 23,1 milhões de hectares.
Segundo ele, áreas de pastagens arrendadas para plantio de soja em 04/05 não devem ter contratos renovados para a próxima safra nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia e São Paulo.
A construção de 20 usinas de açúcar e álcool no centro-sul do Brasil, segundo o presidente da Aprosoja, também está transformando muitas áreas de soja em canaviais.
Gonçalves, presidente de uma associação com representantes em 14 dos 26 estados brasileiros, afirmou que a queda do dólar, que reduz os ganhos do produtor em reais, é outro importante fator de desestímulo.
“O pessoal está desanimado com o preço da soja por causa do dólar”, acrescentou o dirigente da Aprosoja, que assumiu a entidade, fundada em 1990, em agosto de 2004.
José Rogério Salles, presidente da Aprosoja em Mato Grosso (o principal Estado produtor da oleaginosa no país), que disse não ter vínculo com a associação nacional, afirmou que a falta de acesso a novos financiamentos para a compra de insumos pode prejudicar a próxima safra.
“O produtor está sem acesso a crédito por causa da inadimplência com os fornecedores”, disse Salles, cobrando ajuda do governo federal.
De acordo com Salles, as medidas anunciadas pelo Ministério da Agricultura até agora amenizam os problemas da safra passada, mas não viabilizam o próximo plantio, que deve começar em setembro no Mato Grosso.
Salles, que ainda não tem uma estimativa de plantio para a sua região, afirmou que a inadimplência no Estado junto ao setor privado chega a 50 por cento. Além da queda dos preços em reais, Salles disse que o sojicultor do sul do Estado foi prejudicado pela queda na produtividade, decorrente de adversidades climáticas.