A produção de açúcar na segunda quinzena de agosto totalizou 3,26 milhões de toneladas, registrando queda de 6,02% na comparação com a quantidade observada em igual período na safra 2023/24 (3,47 milhões de toneladas). No acumulado desde o início da safra até 1º de setembro, a fabricação do adoçante totalizou 27,17 milhões de toneladas, contra 26,15 milhões de toneladas do ciclo anterior (+3,90%).
O diretor de Inteligência Setorial da UNICA, Luciano Rodrigues, esclarece que a proporção de cana-de-açúcar direcionada para a fabricação do adoçante também apresentou retração na segunda metade de agosto, alcançando 48,85% da matéria-prima utilizada na produção de açúcar neste ano, ante 50,75% registrada na mesma quinzena da safra anterior.
Nesse contexto, a fabricação de etanol pelas unidades do Centro-Sul na segunda metade de agosto atingiu 2,45 bilhões de litros, sendo 1,56 bilhão de litros (+10,27%) de etanol hidratado e 888,93 milhões de litros (-0,14%) de etanol anidro.
No acumulado desde o início do atual ciclo agrícola até 1º de setembro, a fabricação do biocombustível totalizou 20,46 bilhões de litros (+7,14%), sendo 13,0 bilhões de etanol hidratado (+16,34%) e 7,46 bilhões de anidro (-5,84%).
“Os dados de produção da segunda quinzena de agosto ainda não retratam de forma efetiva o impacto das queimadas nas lavouras do Centro-Sul, especialmente em São Paulo, onde os incêndios ocorreram de forma mais intensa a partir do dia 22 de agosto”, acrescenta Rodrigues.
Levantamento parcial realizado pela UNICA junto a empresas responsáveis por cerca de 75% da produção do estado de São Paulo indicou que pelo menos 231,83 mil hectares de cana-de-açúcar foram atingidos pelos incêndios em território paulista na segunda metade de agosto. Desse total, 132,04 mil hectares foram em lavouras que ainda seriam colhidas e a área restante – 99,79 mil hectares – em locais onde a cana-de-açúcar já havia sido colhida ou lavoura de cana-planta.
“Os prejuízos associados à queima são diversos. Nas áreas em que a cana já havia sido colhida, o fogo pode exigir a necessidade de nova condução de tratos culturais, com suplementação de fertilizantes, pulverização foliar e aplicação de herbicidas, além do risco de não rebrota e o consequente replantio de parte da lavoura. Nas áreas onde a cana ainda seria colhida, o impacto dos incêndios pode incorporar a perda de qualidade da matéria-prima, a alteração do cronograma de colheita das usinas e a impossibilidade de processamento nos locais onde a colheita não pode ser realizada em tempo hábil para evitar maior degradação da cana-de-açúcar queimada”, explica Rodrigues.
Esse cenário deve ampliar a dificuldade para a fabricação de açúcar e intensificar a queda de rendimento agrícola da lavoura, concluiu o executivo.
Do total de etanol obtido na segunda quinzena de agosto, 14% foram fabricados a partir do milho, registrando produção de 348,63 milhões de litros neste ano, contra 236,53 milhões de litros no mesmo período do ciclo 2023/24 – aumento de 47,39%. No acumulado desde o início da safra, a produção de etanol de milho atingiu 3,13 bilhões de litros – avanço de 26,92% na comparação com igual período do ano passado.