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Exportações de soja podem chegar a US$ 12 bilhões em 2004

O complexo soja deve puxar as exportações brasileiras neste ano, a exemplo do que ocorreu em 2003. A previsão é de que as vendas externas do setor cheguem a US$ 12 bilhões em 2004, contra US$ 8,4 bilhões do período anterior, informou ontem o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, ao participar da VII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, promovida pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Ele acredita que a redução global da safra da oleaginosa, provocada por problemas climáticos, será compensada pela elevação dos preços do produto no mercado internacional.

“Por enquanto, a nossa estimativa de exportação do produto para 2004 é essa, apesar da quebra da safra causada pela estiagem no Sul e pelo excesso de chuva no Norte e Centro-Oeste, além das perdas provocadas pela ferrugem asiática da soja em alguns estados, sobretudo Goiás e Bahia”, disse o ministro. “Isso porque os preços estão subindo no mercado internacional, com a Bolsa de Chicago registrando recordes sobre recordes de preços.” Diante disso, ressaltou Rodrigues, o ministério mantém a estimativa inicial de um faturamento de US$ 12 bilhões com as vendas externas de soja.

De acordo com o ministro, os municípios são fundamentais para o desempenho da atividade rural brasileira. “A agricultura e o agronegócio têm plenas condições de crescer ainda mais a partir dos municípios.” Rodrigues foi um dos palestrantes do painel “A Integração dos Municípios e os Programas da Agricultura e da Reforma Agrária”. Segundo ele, a safra de grãos do país pode chegar a 200 milhões de toneladas nos próximos dez anos. “Mas temos potencial para colhermos 290 milhões de toneladas de grãos, desde que sejam mantidos os padrões tecnológicos atuais.”

Num prazo de 15 anos, a agricultura brasileira deve incorporar cerca 30 milhões de hectares, que hoje fazem parte da área de 220 milhões de hectares destinados a pastagens, assinalou Rodrigues. Com base nessa transferência de terras da pecuária para a atividade agrícola, o ministério estima que o país poderá alcançar na próxima década safras de 80 milhões de toneladas de soja, de 165 milhões de toneladas de milho, de 26 milhões de toneladas de arroz, de seis milhões de toneladas de feijão, de 5,2 milhões de toneladas de algodão e de oito milhões de toneladas de trigo.

Esse potencial de crescimento não é sustentado apenas pela possibilidade de expansão da área plantada. O emprego de tecnologia, em conseqüência do avanço da pesquisa e da mecanização, também será decisivo para que o país aumente a produtividade. Em sua palestra, Rodrigues revelou ainda que o Brasil tem condições de elevar o rendimento da safra de grãos de 2,8 ton/ha de grãos para 4,5 ton/ha. Já a produção de cana-de-açúcar pode passar de 384 milhões para 443 milhões de hectares, com a produtividade saltando de 78,4 ton/ha para 90 ton/ha.

“Nos últimos 14 anos, a nossa produção agrícola teve um crescimento de 126,3%, enquanto a área aumentou apenas 24,3%”, enfatizou o ministro, diante de uma platéia formada por prefeitos, vice-prefeitos e parlamentares, entre outros. Nesse período, acrescentou, o rendimento agrícola foi de 85,5%. “Nenhum outro país teve um crescimento igual”, observou Rodrigues.

Em sua exposição, o ministro destacou ainda que a produção brasileira de carnes também teve aumentos expressivos nos últimos 14 anos. A de frango cresceu 234% e chegou a 7,8 milhões de toneladas em 2003. Já a bovina teve um acréscimo de 85,2% e alcançou 7,6 milhões de toneladas, enquanto a de suíno subiu 173% e totalizou 2,8 milhões de toneladas no ano passado.

“O mundo todo olha a agropecuária brasileira com respeito e até com preocupação por da causa de nossa competitividade”, afirmou o ministro. Na avaliação de Rodrigues, isso reforça a importância do país ter uma atuação firme nas negociações internacionais, em defesa de abertura do mercado agrícola mundial, com a conseqüente redução do protecionismo.

Ao conclamar os prefeitos para que continuem apostando na atividade rural, por se tratar de uma área de grande poder de geração de emprego e renda, Rodrigues informou que o ministério transferiu R$ 52,2 milhões para prefeituras, cooperativas, associações e sindicatos em 2003, para o desenvolvimento de ações relacionadas à agropecuária. (Fonte: Assessoria do Ministério da Agricultura)