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Exportações de etanol e biodiesel devem crescer

O Acordo de Kyoto deve impulsionar as exportações brasileiras de combustíveis alternativos, as atividades de reflorestamento e de tratamento de resíduos. A previsão é do coordenador de Mudanças Climáticas do Ministério da Ciência e Tecnologia, José Miguez.

Esses setores podem ser beneficiados pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), a parte do acordo que mais interessa ao Brasil, pois prevê a participação – voluntária – de nações em desenvolvimento. “Ele permitirá a certificação de projetos de redução de emissões nos países em desenvolvimento e a posterior venda dos créditos de carbono, para serem utilizados pelos desenvolvidos, como modo suplementar para cumprirem suas metas”, explica o coordenador do ministério.

Uma das grandes oportunidades que se abrem para o país com o Acordo de Kyoto, por exemplo, é a exportação de etanol e de biodiesel para os países desenvolvidos que querem reduzir suas emissões de poluentes dentro de casa. Outros setores que também serão beneficiados, segundo Miguez, são o agropecuário – com o aproveitamento do metano para co-geração de eletricidade e vapor na suinocultura – e o setor florestal, com a abertura de oportunidades de reflorestamento de áreas degradadas.

O setor de tratamento de resíduos também deve ser impulsionado, com a transformação de lixões em aterros sanitários. “O mercado de créditos de carbono é uma grande oportunidade para que o Brasil participe do esforço global de combate à mudança do clima, recebendo recursos externos e tecnologias que irão propiciar benefícios ambientais e mais qualidade de vida”, acredita o coordenador de Mudanças Climáticas do Ministério.

Segundo ele, o Brasil é especialmente propício para atrair investimentos por meio do MDL por possuir “uma grande tradição de desenvolvimento de energia renovável e uma cultura a favor dessa energia”. Mesmo antes da entrada em vigor do acordo, o governo brasileiro procurou criar os arranjos institucionais necessários para organizar os projetos que seriam desenvolvidos dentro do MDL. Como faltava à administração federal um órgão específico para coordenar e articular as ações necessárias, foi criada uma Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, através de um decreto presidencial em 1999. Fazem parte da Comissão os ministérios de Minas e Energia, dos Transportes, do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio, da Agricultura e do Abastecimento, do Meio Ambiente, do Orçamento e Gestão, das Relações Exteriores e o Extraordinário de Projetos Especiais. A presidência é exercida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.