O primeiro bimestre foi o melhor da história da indústria automobilística, puxado especialmente pelas exportações que seguem em ascensão, apesar do real valorizado em relação ao dólar. O setor produziu em janeiro e fevereiro 397,2 mil veículos, um aumento de 10,7% ante igual período de 2005, até então recorde. As exportações corresponderam a 32% da produção.
Em valores, somaram US$ 1,62 bilhão, outro recorde do setor.
As vendas internas tiveram o segundo melhor desempenho da história, perdendo para o primeiro bimestre de 1997, quando o mercado consumiu 280,9 mil veículos. No mesmo período desse ano foram vendidos 260,7 mil veículos, resultado 17,7% superior ao dos dois primeiros meses do ano passado.
Só em fevereiro a produção da indústria foi de 201,9 mil veículos, 3,3% melhor que janeiro.
As vendas totalizaram 127,9 mil unidades, com queda de 3,8% ante janeiro, justificada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) pelos três dias úteis a menos no mês passado.
Os automóveis flex, que rodam com álcool ou gasolina, responderam por 76,6% das vendas totais nesse segmento e somaram 93 mil unidades. É a maior participação desde o lançamento dessa tecnologia, em maio de 2003.
O aumento do preço do álcool frustrou consumidores que esperavam economia maior com o uso do combustível, mas não é uma questão crônica, e sim sazonal, disse o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb. Para ele, a volatilidade de preços vai cair com o aumento da produção de cana e novos investimentos, inclusive externos.
As exportações em fevereiro atingiram US$ 882,7 milhões, com crescimento de 19,3% ante janeiro. Mesmo com a melhora em relação a 2005, quando o setor já reclamava do câmbio valorizado, Golfarb ressaltou que o fôlego do setor está diminuindo de maneira acentuada. Segundo ele, em 2003 as exportações aumentaram 39,7% ante o ano anterior. Em 2004, o crescimento foi de 56,8% e, no ano passado, de 45,8%.
No primeiro bimestre deste ano, a alta é de 14,6% na comparação com janeiro e fevereiro de 2005. A projeção da indústria é de que até o fim do ano esse porcentual caia para 2,7%, com o resultado das vendas externas pouco acima de US$ 11 bilhões. Com esse nível de câmbio não podemos ter ilusão de exportações crescentes, disse Golfarb. O quadro de pessoal no mês passado foi reduzido em 668 postos, para 107,3 mil funcionários, reflexo de ajustes por parte de algumas empresas, segundo o presidente da Anfavea.
Golfarb disse ainda que o governo deve ter cautela na análise sobre corte de imposto de importação para derrubar os juros, conforme estuda o Ministério da Fazenda. A discussão é como, quanto e quando fazer uma abertura que seja promotora de crescimento e não substituta da produção interna.